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segunda-feira, junho 29, 2009

Blog muda de nome para estar mais de acordo com a realidade - Cenáculo do (pseudo) Filósofo



Tendo recebido inúmeros feedbacks de que o nome do meu blog é pretensioso, e tendo também em conta que já perdi uma certa ingenuidade infantil passados quatro anos, decidi alterar-lhe o nome. A partir de agora chamar-se-á Cenáculo de um (pseudo) filósofo. Espero com esta alteração ser levado mais a sério, embora exista também a possibilidade contrária...

Quanto mais aprendo, quanto mais penso, quanto mais vivo, mais me apercebo da dúvida e do quanto eu não sei. A bem dizer, não sei absolutamente nada de nada. Cada vez tenho mais consciência do quanto me mantenho à superfície, em vez de cumprir com o conselho do meu professor de filosofia do 10º ano de «mergulhar no mar do conhecimento, em detrimento da calma da praia, ainda que nos afoguemos na dúvida...)

Acreditava eu que existiam pensadores acabados, diplomados e absolutamente sábios. Não podia estar mais enganado! Somos antes de mais aspirantes a qualquer coisa, eternos estudantes, eternas crianças esbracejando e brincando com pedaços de lego e carros de corrida...

domingo, junho 28, 2009

Heal The World

Deixo aqui duas das canções de Michael Jackson que considero mais extraordinárias, e que, em última análise, mais nos podem ensinar, assim como às futuras gerações.

Os ícones, na verdade, nunca morrem.



quinta-feira, junho 25, 2009

PSD em coma - parte II



É cada vez mais óbvia a desorientação ideológica do PSD. A entrevista de hoje com Manuela Ferreira Leite acentuou a sensação que eu já tinha de falta de ideias, de rumos e sentido. Ferreira Leite não conseguiu, em nenhum momento da entrevista, ser objectiva e concreta. Não concretizou ideias, não apresentou soluções, limitando-se a afirmar que existem «outras fórmulas para agir», ou «que o caminho é errado», aliás como vem fazendo desde sempre. Quando foi questionada se estaria ou não de acordo com a nacionalização do BPN, o silêncio que sucedeu a sua meia-resposta foi constrangedor, e soou a incompleto. Se eu fosse a entrevistadora perguntaria objectivamente «que soluções? Que alternativas? O que faria de forma diferente se de facto fosse governo?» Já não falo dos «TVG´s», porque afinal a senhora estava bastante nervosa e todos erramos sob pressão (ou quase todos). A sensação que dá é a de que a líder do PSD vai tendo umas ideias avulsas, umas noções disto e daquilo, mas nada de verdadeiramente consistente que se possa dizer que constitua um projecto, ou um plano de acção para a governação de um país. Fica a sensação de que a oposição (ou a tentativa de oposição) posta em prática pelo PSD é levada a cabo quase como uma obrigação pela estatuto de «maior partido da oposição». Não basta de todo enunciar o perigo do endividamento crescente, ou a necessidade de se reformular a política de obras públicas, por mais bem intencionados e pertinentes que sejam tais enunciados. Fica sempre o vazio da alternativa. Soa sempre a forçado e a falso. O PSD de hoje é uma sombra fugaz do que foi com Sá Carneiro ou com Cavaco, e não vale a pena vir com o argumento de que «ganhámos as europeias!». Não sei verdadeiramente se foi o PSD que ganhou as europeias, ou se foi o PS que as perdeu, ou até se foi a abstenção a grande vencedora. A tal muito reverberada «politica de verdade» tem de ter conteúdo, e não apenas forma. Não basta adjectivar de «escandaloso», «inaceitável», «impensável», é preciso apresentar objectivamente aquilo que será o contrário do escandaloso, o realmente aceitável, e o pensável.

É preciso poder de decisão e de inovação. O PSD não pode apresentar-se como uma partido de paliativos, ou de caminhos batidos. A vocação original de um PSD é a de partido reformador e progressista, voltado para a liberdade económica conduzida em paralelo com o progresso social nas vertentes económica, cultural, educativa, humana e social. O homem é o «princípio e a meta», não o meio. Foi o próprio fundador do partido que o disse, não eu.

O partido deve definir-se, perante si mesmo e perante os eleitores. Que ideias tem para a educação, para a saúde, para economia, para a superação da crise financeira. Contudo, a seguir a uma crítica, tem de vir a medida alternativa, e a seguir à medida alternativa tem de vir a explicação fundamentada para a aplicação dessa medida. Se se disser apenas que se pretende, por exemplo, privatizar um determinado sector da economia, é útil explicar as causas e os efeitos, e sobretudo o contexto em que se insere tal privatização, com o prejuízo de, caso não exista esse esforço pedagógico, a medida soe demasiado «ideológica» e não seja verdadeiramente fértil e acessível ao entendimento dos mais diversos sectores da sociedade. É assim que se fazem reformas, com pedagogia (sem esquecer obviamente a humildade).

E muito gostaria de deixar aqui algumas ideias minhas para a governação de um país sob a égide de um governo social-democrata, mas ficará para uma próxima.

terça-feira, junho 23, 2009

Fé na Razão




Não, não estou a parafrasear o adagio de Santo Agostinho “creio para compreender e compreendo para crer melhor”. Não me refiro aqui à Fé num sentido estritamente religioso, nem à Razão como modo de justificar a Fé.

A Razão tem muitos nomes, muitos meios de ser entendida e abordada. Desde os primórdios gregos do pensamento ocidental que ela existe como contraponto ao irracional, ou noutras palavras ao mitológico. Ou seja, nesses séculos que precederam Sócrates, é posta em prática uma atitude racional intimamente associada ao natural, à explicação e à especulação expurgada de causas divinas ou da ordem do sobrenatural. Pelo menos é o modo como nós interpretamos, embora Tales de Mileto, um dos sete sábios da Grécia e o primeiro dos filósofos especulativos tenha escrito algo do género Tudo está cheio de deuses. Sem esquecer, obviamente, a sua afirmação peregrina de que a água era o elemento primordial. Contudo, esta dicotomia entre mito/razão que tantas vezes invocamos não é tão linear e distinta como gostariamos, ou como se pretende impôr. A partir de Sócrates surge uma outra abordagem (surge ou tem continuidade em diferente grau?) racional, sempre especulativa mas muito mais voltada para a Ética, a Estética, a Moral. O evento Sócrates (quem diz Sócrates diz, em última análise, Platão) marca o nascimento do pensamento conceptual, desmaterializado, descarnado, puro. Obviamente que este tipo de pensamento descarnado, associado à virtuosidade e à justiça, sempre existiu, embora num plano divino e mitológico fundacional que o justificava só por si mesmo. Contudo, embora o pensamento natural tenha estado sempre presente, urge para este novo tipo de pensamento justificar também especulativamente aquilo que possibilita ao homem ser justo, viver uma «vida boa», ser bom cidadão. Ora, o mero estudo do natural e a busca pela physis não determina como deve viver o homem, não lhe dá regras nem orientações para ser feliz. A razão é, neste caso particular, a exploração daquilo que é meta-natural, ou numa palavra mais consensual, metafísico. O curioso, e é disto que se apercebe Platão (digo eu...) é que a razão tem uma espécie de capacidade autónoma para gerar a sua própria matéria prima de pensamento. A razão não pensa no vazio, ela elabora conceitos com os quais joga para formar ideias, raciocínios. Aquilo que terá despertado Platão para a luz no exterior da sua caverna talvez tenha sido a própria matemática. Platão viajou muito antes de ser o grande filósofo dramaturgo, díscipulo fidelissimo do seu mestre Sócrates. Nas suas viagens, Platão conheceu de perto a mitologia egípcia, bem como a hindu, e o que o terá impressionado em grande medida terá sido o modo como os egípcios utilizavam a matemática para contruir templos, noutras palavras, para criar o real. É óbvio que a tradição pitagórica já havia influenciado enormemente o pensamento de Platão, bem como a noção de que a matemática é o modo mais profundo de compreender a natureza e as leis que a regem. Portanto, se o mundo é matemática, como é possível que a Razão humana, por si só, gere os conceitos e a matemática possível para entender a própria natureza, exterior à Razão? O que há na razão de tão íntimo com a natureza última do Universo? É em grande medida esta dúvida circunstancial, nascida da prática matemática, que dá origem à teoria do conhecimento de Platão, e abre caminho sem dúvida a toda a especulação epistemológica que se lhe seguiu até aos dias de hoje. Conhecer é recordar, é uma anamnese daquilo que a razão já conhece pois antes de existir já existia num mundo superior, de essências, anterior e transcendente ao mundo do visível, dos sentidos, que lhe é inferior. Apenas um reflexo torpe e de aparências desse mundo que o transcende. De notar a influência do pensamento hindu, da ideia do Véu de Maya e da aparência do mundo, no pensamento de Platão. Viria a ser Aristóteles, durante muito tempo discípulo de Platão, que viria a provocar a tensão filosófica necessária para projectar a especulação filósofica em direcção aos séculos dos séculos. Se Platão era um Idealista, um crente nas formas puras, nas ideias e na superioridade de um mundo metafísico em relação ao sensível que, em boa verdade, nem sequer tinha consistência ontológica própria (não existia independentemente de outra substância), Aristóteles era em grande medida um Realista. Embora não descurasse a importância da Razão (é a Aristóteles que devemos a definição do homem como animal racional) este pensador era, antes de mais, um naturólogo. Era um adepto da experimentação, pelo que são vários os seus escritos sobre anatomia, botânica, zoologia. Ao contrário de Platão que só consideraria dignos de estudo as formas puras, através da geometria e da matemática, Aristóteles considerava que também os objectos da natureza eram dignos de análise e compreensão. Na verdade, não acreditava que existissem formas puras, ou noutras palavras, essências sem o correspondente concreto na natureza. Aliás, as ditas essências não eram na verdade transcendentes aos objectos, mas imanentes a eles. Uma casa não era um correspondente participante da casa ideal que existe no mundo das ideias, mas faz parte de uma espécie ou género a que se chama casa. E a consistência ontológica da casa não emana de um mundo supra-sensível, mas da própria definição. São os objectos individuais que dão origem à definição, à substância. Noutras palavras, é mais importante a substância individual (um homem por ex.), do que a substância humanidade, que corresponde a um género, e os géneros são substância em segundo grau. Para Platão não seria assim. A Humanidade como substância é a única verdadeiramente válidade e verdadeira, é na verdade da Ideia de Homem que todos os homens individuais vão beber a sua própria consistência ontológica, a sua existência, através da participação.

Contudo, não é dos conteúdos das teorias que estamos a falar, mas da razão e das várias formas que assumiu ao longo dos séculos.

O pensamento medieval é herdeiro, em grande medida, desta tensão entre Platão e Aristóteles. Obviamente, a Fé e não se colocava em causa, nem a Biblia como fonte de verdade. O objectivo do pensamento medieval foi o de adaptar o pensamento grego aos trâmites da religião, justificá-la e dar-lhe uma consistência racional que efectivasse o domínio do pensamento cristão sobre o pagão. A razão especulativa que estava na base do pensamento medieval era a de uma metafísica da Fé, arredada de naturalismos, com a excepção talvez de um Occam, ou de um Nicolau de Cusa que tentaram nadar contra a corrente dominante.

A partir do séc. XV, com o evento do renascimento, da imprensa, dos descobrimentos, há um renascimento, ou seja, perante uma nova abertura, uma nova liberdade de pensamento e um acesso mais alargado aos escritos greco-romanos, o pensamento assume uma nova forma a vários níveis. Voltou-se a dar valor ao pensamento natural, à matemática, à reflexão empírica. Apareceu um Galileu, um Da Vinci, e no séc. XVII um Newton, um Kepler, um Leibniz, um Descartes. Deu-se a Reforma da Igreja com Lutero, com Calvino, com a heresia de um Henrique VIII e a reforma anglicana. Deu-se a feroz resposta de uma Igreja ameaçada – a Inquisição. Foi profunda e vasta a revolução, quase que se poderia dizer que a revolução foi coperniciana, fazendo jus a Copérnico e à importância fundamental, não só a nível científico, mas também social, político e humano, do acto de retirar o homem do centro a atirá-lo para a periferia de um sistema em que o sol era o rei. Que tipo de razão surge nestes séculos? Podemos falar já em razão científica, ou noutras palavras, numa razão metódica e empírica. O pensamento metafísico sempre lá esteve, e podemos inclusive afirmar que Descartes inaugurou esta nova forma de pensamento. Descartes, com a sua dúvida metódica refundou os alicerces do pensamento, procurando em certa medida conjugar a metafísica com a ciência, tornando-a ela mesma (a metafísica) numa ciência. Se por um lado procurou encontrar um método infalível para as ciências, por outro, procurou também provar que a metafísica se basta a si mesma, e que a verdade fundacional (dúvidamos, pensamos, logo existimos) não precisa de dados sensíveis ou exteriores ao pensamento para ser atingida. Determinou também (e aqui parece haver uma espécie de conciliação milenar entre conceptualizações) o mundo extenso e o mundo das ideias (no caso de Descartes falamos em coisa pensante [res cogitans] constituida por ideias inatas) não precisam um do outro para terem consistência ontológica. São substâncias autónomas e independentes.

A razão metódica passa também pela invenção do método experimental nas ciências. Durante muito tempo as posições extremaram-se. Alguns, adeptos incondicionais das ciências e do empirismo, negaram qualquer possibilidade de conhecimento inato proveniente da razão (Locke, Hume). Descartes, por outro lado, era um verdadeiro racionalista, crente no poder da Razão para conhecer a abstrair do real a verdade do mundo, sobretudo através da matemática.

Nos dias de hoje, a Razão é acima de tudo método científico. A filosofia continua a ter um papel fundamental como motor de pensamento, como escrutinador de todas as actividades humanas, seja na ciência, na política, na religião. Para tal, já Popper, afirmou que a ciência verdadeira implica que as proposições que dela emanam sejam verificáveis, falsificáveis e refutáveis. Ou seja, está na base do próprio pensamento científico e da sua fiabilidade, o facto de poder ser posto em causa. Para Popper, toda a forma de ciência que não cumpra estes requisitos é pseudo-ciência ou pior. O autor não põe em causa a metafísica em si mesma, que considera necessária e válida, mas a metafísica que pretende ser ciência. Ele afirma também que os problemas filosóficos são legítimos, e emanam em grande medida de dúvidas e problemáticas que surgem no decorrer da prática científica, religiosa, política, ética, e de tudo o que estas dimensões implicam para o progresso da sociedade humana. Contudo, tais problemas têm por vezes soluções muito simples, arredadas do processo metafisico, por vezes propostas pelo progresso da ciência. Os problemas filosóficos podem ser, em última análise, problemas cientificos, e como tal, terem uma resolução científica. Por exemplo, a questão da mente e do processo do conhecimento teve, nas últimas décadas, importantes contributos a nível da neurociência, seja com a chamada «epistemologia naturalizada» de Quine, seja com o contributo do nosso tão português António Damásio com os seus estudos acerca das emoções e dos processos cerebrais nelas envolvidos. Para tal vale a pena ler O Sentimento de Si, ou o Erro de Descartes, escritos pelo mesmo autor.

Afinal, o que é a razão? A razão parece ser a faculdade humana do julgamento, do raciocínio, e em última análise, da decisão. Nos dias de hoje, a robótica, a ciência da computação, está novamente a procurar recorrer à filosofia para entender o que é a razão, como funciona, quais os seus limites, e de que modo esta pode ser reproduzida a nível tecnológico. É a tal Inteligência Artificial. De resto, a tendência natural, ao longo dos séculos tem sido a fragmentação da filosofia em inúmeras ciências e disciplinas, bem como o quase fechamento sobre si mesma numa tentativa solipsista para se auto-compreender. Afinal, não era esta a filosofia hegeliana? O Espírito (pensamento) procurando compreender-se de forma cada vez mais elevada até à síntese final, e ao fim da história? Em última análise, todos utilizamos essas faculdade de julgamento todos os dias, sem sequer termos disso consciência. Contudo, temos também consciência da falibilidade da razão, e do modo como os erros de pensamento podem conduzir-nos ao caos e à confusão. Contudo, porque continuamos a acreditar tanto nela, ou melhor, como é possível que continuemos a ter tanta FÉ NA RAZÃO?

terça-feira, junho 16, 2009

Mais um daqueles pensamentos fulminantes que se apropriam de nós - Quem nunca desejou ser tudo o que nasceu para ser?

Porque nunca é demais pensar e reflectir (e para não se dizer que este blog perdeu a sua vocação original de espaço de pensamento) fica mais uma daquelas notas repentinas. A nobreza do desejar tudo, e querer ser tudo o que se nasceu para ser...


Não há nada mais nobre do que desejar tudo! Tudo sonhar, tudo ansiar, com a vontade profunda, calma e silenciosa daquele que sabe desejar verdadeiramente, e cujos objectos de desejo mais não são do que calmas e geométricas formas puras, sonhos e metas legítimas e gloriosas. Porque querer tudo não é o mesmo que querer todas as coisas, nem é o mesmo que querer só por querer, ou para ter, ou para parecer que se tem, ou para se preencherem vazios existenciais com o lixo nauseabundo que define a pobreza de espírito. Quem quer verdadeiramente não deseja mais do que o cumprimento da sua própria grandeza, no início só potência mas que anseia por ser acto, ou no início só essência que anseia por existir. Atingir os limites de si mesmo, contemplar-se do alto, subir ao céu que se é, e amiúde se ignora. É-se o Universo, é-se força infinita, é-se poder verdadeiro, tudo comprimido e condensado numa amálgama pensante de carne e dúvida. Nasce-se acreditando que se é pequeno, que se é frágil e impotente, e enforma-se a própria vida de acordo com o que se pensa, e sobretudo com o que se aprendeu a pensar. Pode ser-se tudo, pode sonhar-se alto, muito alto, com a glória dos deuses que não se fecha ao homens, pois que é o homem feito às suas imagens. Pode fazer-se, construir-se na pedra com alicerces graníticos, fundar-se na rocha o edifício do que se é, e terminar apenas quando este arranhar o céu para onde aponta, fálico e viril, pronto para penetrar no Infinito e gerar mundos novos, civilizações, morais, mistérios profundos, humanidades. Não é só o querer que é poder, mas também o saber, o pensar, e sobretudo o sonhar audaciosamente. O homem só se religa à divindade para nele mesmo reconhecer a divindade que em si habita. É essa a religião verdadeira, aquela que move montanhas e conduz o homem há libertação de todas as correntes que o aprisionam desde o início dos tempos. O homem só se reconhece naquilo que é, quando se deixa penetrar pela profundidade do mistério que largamente o ultrapassa, milhares de milhões de vezes o ultrapassa, mas que em última análise lhe está no sangue e se chama Alma.

segunda-feira, junho 15, 2009

4 anos e 157 publicações depois...



Pois é. O dia 13 de Junho, Sábado, teve três significados importantes. Em primeiro lugar, marcou os 121 anos do nascimento de Fernando Pessoa, um dos maiores ícones da literatura e da cultura portuguesas. Em segundo lugar, marcou mais um dia de Santo António, símbolo da fé e da portugalidade além fronteiras, pelo seu mérito de conversor e diplomata, mesmo entre os muçulmanos que também o adoram como se fosse seu. Em terceiro lugar, (não menos importante) marcou os 4 anos deste meu espaço. 4 anos e 157 postagens depois, é grande a diferença a nível de forma, conteúdos e maturidade em relação a 2005.

Agradeço a todos os que acompanharam este blog desde o início, sem esquecer obviamente os que o descobriram mais tarde e que dele se tornaram fiéis leitores e seguidores.

O meu sincero obrigado.

Ruben Azevedo

quinta-feira, junho 11, 2009

10 de Junho - (nas palavras de alguns dia do trabalhador!) - O Império das 27 maravilhas


Ontem, dia de Portugal, de Camões, e das comunidades portuguesas, foram divulgadas as 7 maravilhas de origem portuguesa no mundo. A votação decorreu de 7 de Dezembro de 2008, a 7 de Junho de 2009. Não se sabe se abstenção foi grande ou pequena, mas aventuro-me a especular que terá sido bem mais significativa que a das europeias. Se existe quem não saiba sequer o significado do 10 de Junho (durante uma entrevista na rua alguém respondeu que era o dia do trabalhador!), é normal que haja quem não tenha qualquer tipo de interesse no património ou na história de Portugal. Para muitos, o 10 de Junho é mais um excelente feriado para passar o dia no shopping, ou (se o tempo ajudar) na praia.

Contudo, esta iniciativa das 7 maravilhas de origem portuguesa no mundo teve o condão de mostrar o quanto fomos, a certa altura da nossa história, ubíquos e influentes em toda a parte. Tivemos a hegemonia dos mares e do comércio durante 150 a 200 anos, mas acabámos por ser ultrapassados e a até certo ponto subjugados por outras potências europeias com maior potencial bélico e humano, nomeadamente pelos ingleses e pelos espanhóis. Mas o que é admirável no meio disto tudo é o facto de sermos, na época, menos de 3 milhões de portugueses, e de termos sido a primeira potência mundial a lançar as bases de um império, e a última a perdê-lo. Com isto não quero expressar nenhum tipo de saudosismo nacionalista ou passadista. É apenas pura curiosidade intelectual. O império nasceu com a tomada de Ceuta em 1415, e terminou, 587 anos depois, com a independência de Timor Leste em 2002. Quantos portugueses sabem isto? É óbvio que uma visão demasiado romântica sobre os descobrimentos esconde outras realidades menos românticas. Também pilhámos, subjugámos pela força, convertemos com a bíblia numa mão, e o chicote na outra. No entanto, fomos talvez dos menos maus entre os maus. Não foi nunca nosso hábito o extermínio e a chacina, e sempre fomos mais adeptos do diálogo do que da imposição cega. Tivemos um Padre António Vieira, símbolo da diplomacia e da defesa dos oprimidos, que sempre cultivou uma atitude de tolerância e pedagogia perante os ditos «selvagens» do Brasil. E Vieira é apenas um exemplo possível.

De todos os locais do mundo onde estivemos e onde deixámos marcas, tanto físicas como a nível dos hábitos e costumes, admirou-me a fortaleza de Ormuz, no Irão, em pleno estreito de Ormuz. Hoje fala-se muito no estreito de Ormuz, em parte por ser um ponto estratégico por onde passam diariamente toneladas e toneladas de barris de petróleo, e por ser um ponto quente de discórdias latentes entre as grandes potências e o Irão. Pois é. Nós fomos os primeiros europeus a lá chegar e a controlar, a partir de lá, as rotas marítimas entre a Ásia Central e a Europa. Tive pena que não fosse esta uma das 7 maravilhas escolhidas, não tanto pelo aspecto estético da fortaleza, mas por aquilo que ela representa.

As 27 maravilhas portuguesas, espalhadas por 16 países, são as seguintes:

Centro Histórico de Malaca
Sé Catedral de Goa
Convento de St. António e Ordem Terceira
Fortaleza de Mazagão
Ilha de Moçambique
Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro
Fortaleza de Kilwa (Quíloa)
Forte do Príncipe da Beira
Convento de São Francisco e Ordem terceira
Convento do Carmo de Luanda
Cidade Velha de Santiago
Gorgora Nova
Mosteiro de São Bento de Olinda
Igreja de São Francisco de Assis da Penitência
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
Fortaleza de Safi
Colónia do Sacramento
Fortaleza Qal’at al Bahrain
Igreja de São Paulo
Igreja do Bom Jesus de Goa
Fortaleza do Bom Jesus de Mombaça
Cidade de Baçaim
Fortaleza de Damão Grande
Fortaleza de Diu
Fortaleza de Ormuz
Fortificação de Mascate
Fortaleza de São Jorge da Mina

Para mais infomações e para conhecerem também os vencedores, não hesitem em clicar aqui

segunda-feira, junho 08, 2009

Vitória a saber a social-democracia



A vitória do PSD era tudo menos previsível, sobretudo naquela dimensão e contra a maioria das sondagens. É óbvio que estas eleições capitalizaram todo o descontentamento contra o governo e a sofreguidão de quatro anos de reformas duras, anti-corporativas, pouco concertadas e, quase todas elas, inacabadas. Nunca um governo teve um desgaste tão grande em quatro anos! Parece que Sócrates já está no governo há 8 anos, parecem ter já passado dois mandatos consecutivos, tal é o desgaste que a sua imagem tem levado perante a contestação social, dos professores, dos agricultores, das polícias. A imprensa tem também a sua quota de responsabilidade no cartório, empolando, reavivando, trazendo a lume suspeições, freeportes, casas da beira, licenciaturas mal amanhadas ao domingo, primos amantes de kung fu. É caso para dizer que a imprensa livre não dá descanso ao primeiro-ministro! Por um lado, é esse o papel da imprensa independente numa democracia saudável. Por outro, é preciso ser de aço para resistir às investidas e a um escrutínio tão rigoroso.

Um percentagem de 63 por cento de abstenção é só por si uma vergonha, e não abona em nada a mudança que se pretende para Portugal. Contudo, daqui é possível fazer uma análise para as legislativas. Se tivermos em conta que em relação à esquerda e ao seu eleitorado tradicional, pouca ou nenhuma abstenção existe (e com esquerda quero significar desde a CDU ao PS, passando pelo BE), seja pelo facto das suas máquinas partidárias serem melhor oleadas, ou de haver um certo sentido de dever e militarismo que não existe no centro, ou mais à direita, é bem possível que, a existir uma menor abstenção - como é de esperar - nas legislativas, o PSD e o CDS poderão não só manter, como subir nas intenções de voto, o que já torna o cenário da vitória do PSD nas legislativas possível, ainda que sem maioria absoluta. Será, quase certamente, a reedição da coligação PSD/CDS de há alguns anos. Será mau? Será pelo menos preferível ao caos de uma vitória minoritária do PS. O PS está sozinho, não tem aliados nem parceiros a quem recorrer. Nem o BE nem a CDU se querem deixar contaminar com uma possível parceria pós-eleitoral com o PS. São demasiado diferentes, e exigiria de Sócrates uma viragem de leme que se advinha radical. Seria coligação de pouca dura. Com o CDS? Nos tempos de Soares e Freitas do Amaral, não deu resultado. Daria agora? Com o PSD? Bloco Central? Talvez fosse mais plausível, sobretudo em pontos chave como a justiça, mas também me parece uma parceria difícil, talvez condenada à partida. Uns querem obras públicas, outros não. Estilos diferentes, práticas diferentes, mundos diferentes. Sócrates não está habituado a partilhar, não é o seu estilo. Provavelmente, perante uma minoria ou a necessidade de acordos vastos, eu até acreditaria que Sócrates apresentasse a demissão. Num país como o nosso em que a oposição, salvo raras excepções, é irresponsável e conflituosa, dificilmente um governo minoritário sobrevive. E do que o país precisa é de estabilidade e de um governo capaz de levar a cabo reformas até ao fim. Isto é muito importante: até ao fim. Precisamos de mais serenidade, de responsabilidade e coragem. Precisamos de aprender a ter objectivos comuns, e todos os intervenientes a nível nacional, desde a imprensa (pública ou privada), às empresas, às instituições, à própria sociedade civil, têm de aprender a cooperar e a remar para o mesmo lado, em vez de cada um puxar a brasa para a sua sardinha numa conflitualidade sem fim.

domingo, junho 07, 2009

Notas sobre o dia de hoje



Já cumpri o meu dever de eleitor. Eram 10 horas estava na Maia para votar, e fiquei agradavelmente surpreendido ao ver a quantidade de gente que ia e vinha das mesas de voto. Contudo, achei que os boletins de voto estavam demasiado simplistas. Referem apenas e unicamente os partidos envolvidos na cena eleitoral, sem referir os cabeças de lista a deputados. Infelizmente, grande parte das pessoas, sobretudo as menos informadas, as mais idosas ou até as mais novas, não associam as personalidades aos partidos que as representam. Outras, votam no partido como se de um clube do coração se tratasse. Votam no PS, ou no PSD tão naturalmente como ir à missa, e pura e simplesmente porque sempre o fizeram, como um ritual de longa data. Isto desresponsabiliza as personalidades e esvazia o voto de sentido. O boletim deveria referir, em primeiro lugar, o nome do cabeça de lista, e em segundo lugar, o partido que lhe serve de base de apoio. Claro que por uma questão de facilitismo (deve ser para poupar papel) colocam-se só os partidos. Pode ser que os mesmos boletins sirvam também para as legislativas. Escusa-se imprimir novos boletins a cada eleição... porém, isto é errado. Cada eleição é uma eleição, e cada homem ou mulher é diferente, embora reflictam nas suas acções, até certo ponto, a ideologia do partido onde estão inseridos. A democracia tem de ser mais activa e informada, e não apenas um ritual processional de 4 em 4 anos. Quanto à abstenção, que não considero augurar nada de bom, já enviei sms a quase toda a gente a apelar ao voto. E não me venham dizer que democracia é também escolher não votar, porque a história está cheia de gente que morreu, se sacrificou, foi torturada em nome desse direito simples de colocar a cruz no boletim, e o boletim na urna. Remeto esta minha chamada de atenção sobretudo às mulheres...

Quanto à fantástica sondagem que teve lugar neste blog, é curioso verificar que dos 34 votantes, 11 votaram no Miguel Portas (o vencedor), e o pretenso favorito a nível nacional, o sr Vital, teve apenas 1 voto... a verdade é que também não conheço bem a amostragem, nem sei se será suficientemente significativa em termos de espectro partidário, mas se estes resultados se reflectirem também a nível nacional... Desde já agradeço a todos os que votaram, fazendo votos para que passem a ser visitantes assíduos deste meu espaço.

Em última análise, acredito que ser político é das formas mais nobres de se ser intelectual. Aqueles que dizem que ser a-político é que é intelectual e digno de uma alma que não se quer conspurcar e prefere manter-se na sua torre de marfim, estão bastante equivocados. Mas também para esses, envio o meu abraço sincero. Sou marxista, mas apenas num e só num ponto: já há muito quem interprete o mundo (e deixem-me que diga que muitos o fazem, ou fizeram, mal); o que é preciso é mudá-lo.

sexta-feira, junho 05, 2009

Faltam 24 horas para terminar a sondagem. Se ainda não votou, vote!

Uma sondagem publicada no JN de hoje dá a vitória ao PS com 34 por cento dos votos, seguido do PSD com 32%, a CDU com 11%, o BE com 10%, o CDS com 4%, e os restantes votos polvilhados pelos partidos mais pequenos, dos quais o MEP é a maior revelação com 2% dos votos.

terça-feira, maio 26, 2009

Que vão afinal fazer os eleitos para o PE? Que poderes? - FAQ´S



O PE pode decidir sobre todas as matérias ?
As decisões aprovadas pelo PE carecem de aprovação por outro organismo ?
O PE ausculta outros órgãos antes de tomar decisões ?
O PE intervém na PESC (Política Externa e de Segurança Comum) ?
E o PE participa na UEM (União Económica e Monetária)?
E o PE participa também nas áreas do terceiro pilar (Justiça e Assuntos Internos) ?
O PE tem muitos poderes ?


Legitimado pelo sufrágio universal directo, o Parlamento Europeu, eleito de cinco em cinco anos, foi obtendo, através da reforma dos Tratados, uma maior influência e poderes cada vez mais alargados. Esses Tratados, nomeadamente os de Maastricht de 1992 e de Amesterdão de 1997, transformaram o Parlamento Europeu, de uma assembleia meramente consultiva numa assembleia legislativa com poderes comparáveis aos dos parlamentos nacionais, mas à escala europeia.

Como todos os parlamentos, o Parlamento Europeu exerce três poderes fundamentais:

o poder legislativo: Participa por diversas formas no processo comunitário de decisão em conjunto com o Conselho, nomeadamente no processo de "co-decisão"

o poder de controlo de executivo: quer ao nível da constituição e da destituição. A Comissão é politicamente responsável perante o Parlamento que pode, mediante a aprovação de uma moção de censura, forçá-la a demitir-se. Dispõe ainda de um controlo democrático sobre o conjunto da actividade comunitária, estendendo-se às restantes instituições.

o poder orçamental:(que foi a primeira competência atribuída ao Parlamento Europeu) quer na elaboração do Orçamento, quer no controlo da sua execução;

O poder legislativo:

O processo legislativo comunitário é singular: A iniciativa legislativa pertence, em exclusivo à Comissão e o processo de decisão final incumbe ao Conselho. O PE participa no processo legislativo, de acordo com a Base Jurídica de cada decisão através dos seguintes processos:

a) consulta - a Comissão apresenta a proposta e envia-a para o Parlamento e para o Conselho. Este, para decidir tem de obter o parecer do Parlamento, que não sendo vinculativo, constitui uma formalidade essencial para o processo.

b) parecer favorável - a Comissão envia a proposta para o Parlamento e para o Conselho, este só pode decidir, se houver um parecer de concordância por parte do Parlamento. Se não houver , o Conselho tem de decidir por unanimidade para poder aprová-la.

c) co-decisão - a Comissão envia a proposta para o Parlamento e para o Conselho. O Parlamento faz a 1ª leitura , se concorda, envia para o Conselho e este pode aprová-lo , senão envia-a para o Conselho, para que analise a posição do Parlamento. Faz os seus comentários e devolve-a ao Parlamento para proceder à 2ª leitura. O Parlamento continuando a discordar, envia-a para o Conselho. Este discorda e cria-se novamente o Comité de Conciliação. Se este não consegue chegar a acordo, abandona-se o acto, se consegue um acordo envia-a para o Conselho para aprovação.

Para saber mais clique aqui

Retirado do site do deputado europeu Carlos Coelho do PSD

Para votar na sondagem do lado esquerdo é só escolher um candidato e clicar onde diz Votar

Vá lá, faltam só seis dias!

Obrigado

sábado, maio 23, 2009

Dia 7 de Junho quem quer ir para Bruxelas?



Aproxima-se a passos largos o dia das eleições europeias, o dia em que serão eleitos os nosso representantes no parlamento europeu. Para muita gente (inclusive para mim) estas eleições têm muito pouco interesse e significado, num contexto em que o parlamento europeu, como órgão de soberania europeia, tem na verdade muito pouco poder. Tal não significa, porém, que nos devamos desinteressar completamente.

Os candidatos mais mediáticos são Vital Moreira (PS), Nuno Melo (CDS), Miguel Portas (BE), Idalina Figueiredo (PCP), e Paulo Rangel (PSD). Contudo, existem pelo menos mais 8 candidatos. A lista é a seguinte:

Movimento Esperança Portugal (Laurinda Alves)

Movimento Mérito e Sociedade (Carlos Gomes)

PNR (Humberto Nuno de Oliveira)

PCTP-MRPP (Orlando Alves)

POUS

Partido Humanista (Luís Guerra)

MPT-Movimento Partido da Terra (Pedro Quartin Graça)

PPM (Frederico Duarte Carvalho)

A intenção de realizar um debate entre os 13 candidatos na RTP foi muito boa, porque numa democracia ideal todos os intervenientes, independentemente das máquinas publicitárias ou partidárias que os antecedem, têm o direito de apresentar as suas propostas num plano de igualdade, sejam pequenos ou grandes, mais mediáticos ou menos mediáticos. Contudo, ficou bem patente durante o debate que, na prática, nem todos têm o mesmo direito de antena. Alguns candidatos, como por exemplo o Luís Filipe Guerra do PH, foi quase despachado e pouco pode dizer. É pena, porque conheço o Luís e as ideias do Partido Humanista, e acho que merecia ser ouvido com mais atenção.

Acho que estas eleições podem ser uma boa oportunidade para mudarmos o panorama político nacional. São a antecâmara de umas legislativas, e podem bem ser o princípio de uma nova era da política em Portugal. Precisamos urgentemente de renovação, juventude e esperança, mas tal só é possível se não nos abstivermos e dermos voz a quem ainda não tem grande voz. Proponho que em vez de nos abstermos, saibamos atribuir um voto útil aos pequenos partidos que estão a crescer. Falo do MEP, do MMS, e de outras pequenas forças políticas como o PH. Com um panorama político mais amplo e diversificado, certamente que a política em Portugal ficará mais enriquecida, mais fértil em ideias e propostas, e até em intervenientes. Escusado será dizer que a variedade também potencia um maior número de escolhas, e uma melhor e maior competição entre as diversas forças.

Eu não me vou abster certamente, nem acho que a abstenção seja uma boa opção para nenhum de nós. Se não quisermos escolher, então certamente que outros escolherão por nós.

quarta-feira, maio 13, 2009

Carácter, Símbolos e Felicidade



Um homem tem de crescer mais tarde ou mais cedo. Um homem tem de aprender a afirmar-se, a não se deixar abater pela ignorância e pelo desprezo de quem lhe é muitas vezes alheio e inferior. Tem de ter personalidade, não no sentido de persona (personagem), mas no sentido de uma individuação caracterizada por uma componente de espontaneidade, e outra de responsabilidade e sentido crítico. A isso se chama ter carácter. Um homem com carácter é um homem com espinha dorsal, o oposto da ideia de serpente frequentemente associada ao mal e ao homem sem carácter, precisamente por ser um animal rastejante (logo inferior) e imprevisível no seu serpentear (embora tenha também uma espinha dorsal, apesar de muito mais flexivel). Talvez a maldição que Deus lançou sobre a serpente, a de comer pó e rastejar como ser maldito até ao fim dos tempos, surja precisamente da ideia de que o hábito de rastejar, ou seja, de ser inferior e imprevísivel em termos morais, se torna num puro vício que em nada dignifica a Humanidade e, antes de mais, está na raiz da perdição. É a perversão da centelha divina que ilumina o coração de cada homem, ela mesma símbolo e porta de Deus no mundo. Esta dualidade biblíca, religiosa, e com raízes profundas que derivam dos primórdios da civilização, assenta na noção do conflito sempre presente entre o bem e o mal, uma tensão jamais ultrapassada, um combate permanente no coração de cada homem. Apesar de moldado à imagem do seu Deus, basta uma simples tentação para atirar por terra a face divina do homem e condená-lo para sempre. Cada homem é um campo de batalha, um armagedão entre as forças da luz e as das trevas; cada homem vive o seu próprio juizo final sempre que olha para trás e se confronta com os monstros que ele próprio alimentou conscientemente; cada homem vive o seu pecado original sempre que surje o momento da decisão e, ao invés de fazer jus à divindade que em si habita, se deixa fraquejar. Um homem que fraqueja uma primeira vez está pronto para fraquejar muitas outras vezes. Acaba mais tarde ou mais cedo por acumular fraquezas com a naturalidade de quem colecciona selos ou moedas. Um homem que se habitua a ser fraco, é por natureza um homem condenado ao pessimismo. Deixa de acreditar em si mesmo e, mais grave ainda, deixa de acreditar em toda a Humanidade porque nela projecta a sua própria frustração, confundindo a parte pelo todo, tomando a sua natureza individual pela natureza universal. É por isso que um homem perdido pode perder toda a Humanidade, assim como o contrário também pode ser verdade. Quem se habitua à fraqueza passa a vida inteira à espera do seu redentor pessoal, um messias cujo sangue derramado lhe trará a purificação e lhe dará uma segunda oportunidade que ainda que tal lhe seja concedida, raramente aproveitará. A queda, ou seja, o próprio mal, deriva da fraqueza. Sócrates via na ignorância a mãe de todos os males. Porém, mais condenável do que a ignorância - na maioria das vezes involuntária - é a fraqueza, que deriva do conhecimento pleno da acção que se pratica, e das consequências dela derivadas. Diria que a ignorância é a mãe de todos os males, e a fraqueza é o pai – se é que tal incoerência de género se permite -. Ainda que a mulher derive de uma costela do homem, e com tal ideia se pretende designar a baixeza e inferioridade do feminino, a verdade é outra, totalmente oposta e reveladora. O sagrado feminino é aquilo que completa a incompletude do homem, é o que lhe dá substância e plenamente o aproxima do divino. Por alguma razão, as grandes virtudes são todas designadas no feminino, e dos sete pecados, só seis são femininos; a liberdade, a igualdade, a beleza, a verdade, a bondade, a própria Virtude (em oposição ao Vício designado no masculino); Desde a Vénus neolítica de abundantes seios, à Virgem Maria ou à Maya dos hindus, o sagrado feminino está por todo o lado e é porta priveligiada para o divino e o mistério; as ninfas, as musas (também as havia demónios, é certo); a Graça, essa palavra tão usada e tão significativa; a Terra, ou mãe terra para muitos; o útero sempre foi mais importante e abrangente que o pénis. O pénis penetra, mas só o útero acolhe e alimenta. As pedras neolíticas a que se convencionou chamar de menires, símbolos fálicos que apontam para o Céus, ansiosos por penetrar nos mistérios acolhedores da verdade celeste; contudo, só as mamoas e as antas podem acolher o corpo e devolvê-lo ao pó original. A estrela de David, intersecção entre o triângulo que aponta para cima (fálico e masculino), e o triângulo invertido (símbolo uterino e vaginal); as pirâmides do Egipto, as de Chitchen Itzá ou as de Teohituacan, cujo vértice aponta para o Céu, erectas e profícuas em saber e conhecimento astronómico e celestial. Pode haver melhor alegoria?

Um homem pode viver uma vida inteira alimentando-se apenas de mistérios antigos, de símbolos e de conhecimento milenar, que nunca se fartará, e certamente não tê-la-á vivido em vão. Contudo, o homem forte e com carácter sabe também olhar para o futuro com a mesma sofreguidão e entusiasmo com que olha para o passado. O homem forte e com personalidade confia no futuro, ainda que desdenhe largamente do presente. Porém, o presente contem já em si as sementes de todo o porvir. O homem com coragem, optimista e confiante, reconhece os sinais e aponta caminhos. Já muitas vezes no passado alguns homens olharam a sua contemporaneidade como prenúncio da decadência inevitável do mundo. Nenhuma esperança, divisavam apenas entre a poeira e o nevoeiro criador a destruição e o caos. E muitas vezes o caos e a destruição deram lugar à ordem; civilizações novas renasceram das cinzas como a própria Fénix. Os germéns da renovação residem no caos primordial, os sebastiões e os messias nascem precisamente do caldo das crises, e assim o universo progride, aparentemente com tantos armagedões como recomeços. Não há absolutos verdadeiros, porque verdadeiramente a morte não existe. O fim propriamente dito é apenas a antecâmera de um novo inicio, ainda que o Universo pareça ter vindo de um absoluto nada. A mente de um homem não abarca a linha lógica que torna coerente um paradoxo, não tem poder para se elevar e desapertar o nó górdio dos grandes mistérios, garantindo com isso a conquista do conhecimento supremo. Como o próprio Alexandre, o desejo de glória e o medo da morte compelem-nos a cortar o nó. Conquistar desta forma é condenar a conquista à instabilidade e à destruição precoce. Conquistar verdadeiramente é saber que se pode passar a vida inteira a desapertar o nó, deixando para as gerações futuras a tarefa de continuar o que foi começado. A conquista do conhecimento verdadeiro é um altruismo sincero, talvez um dos únicos que existam de facto. O homem fraco corta o nó; o homem forte desaperta-o.

A rotina destrói e corrói quando condena o homem a ser apenas uma pequena parte do que pode ser. A perspectiva dos dias rotineiros provoca o desânimo e a descrença, sobretudo nos mais insatisfeitos e de mente aberta. A resignação a este estado de coisas é igual ao hábito de ser fraco, conduzindo o indivíduo ao pessimismo e à descrença na espécie humana. Hoje, num mundo de pessoas sem rosto, as relações entre os seres humanos reduzem-se à relação entre coisas. A relação aberta e total entre seres humanos, noutras palavras, a relação verdadeiramente aberta e genuína não é possível num mundo de gente deprimida e oprimida, em que cada um desconfia do vizinho do lado e o colega de trabalho. Não é possível quando as relações entre as pessoas se fazem dos pedaços de cada um, entre especializados e profissionais, entre produtos e produtores, entre mascarados e travestidos. O homem corajoso liberta-se disto, aplica um pontapé raivoso, vindo do estômago já meio ulcerado por muitas desilusões e crispações sem propósito nesta vida baça, semelhante a um quadro de Magritte de rostos, chapéus de coco e objectos tão grandes quanto fúteis. O homem corajoso e forte liberta-se disto, mas não foge. Libertar-se é desapertar o nó da sua própria vida, não é cortar o nó e fugir. Essa é a maior tentação do homem lúcido: fugir! Fugir para longe, tornar-se eremita num amplo convento de paredes grossas, entre claustros silenciosos e frescos. Há quem se torne caminhante, agarre um cajado e percorra vales e serras verdes, num esforço contínuo de comunicar com a inocência original de todas as coisas. O que cansa nos homens é precisamente a mistificação, a perda da inocência original que deriva da entrega verdadeira e quase infantil; o que cansa nos homens é viverem numa espécie de carnaval permanente de máscarados tristes. Paradoxalmente, só quando lhes é pedido para se vestirem e travestirem em dias instituidos de carnavalidade, eles verdadeiramente se revelam. O que cansa nos homens é a falta de futuro – e em mesma medida, de passado, que no fim vai dar ao mesmo – nos seus modos de agir e viver. Nem passado, nem futuro, apenas um presente triste, rotineiro e verdadeiramente cinzento para a maioria dos seres humanos. O homem forte conhece o futuro e o passado, e esforça-se por viver com um passo naquele e outro neste. O homem fraco entrega-se ao presente, polvilhando os seus dias de pequenos sem-sentidos que em nada o enriquecem e elevam. Um presente feito de agoras que derivam de uma sociedade voltada para o : Compre já!, Adquira já!, Procure já!, Conheça já!, Vá já!... Seja feliz já e agora, sem mais delongas, é um dos lemas da modernidade. Não faltam livros para ensinar a arte de ser feliz, receitas elaboradas de cura e de enriquecimento ! Em última análise, tais livros fazem - algumas - pessoas felizes, sobretudo os próprios autores e editores de tais obras miraculosas que se vêem ricos ...

Bens não são felicidade. Adágio, lugar-comum, verdade aceite. A verdade é que ter dinheiro, só por si, não trás felicidade. O que trás felicidade é tudo aquilo que liberte o homem das suas próprias escravidões pessoais, que lhe aponte o caminho e o leve a ser ele mesmo o mais amplamente possível. Possuir bens materiais pode ter o efeito adverso de conduzir precisamente a mais escravidões, nomeadamente tornando um homem ainda mais desconfiado dos outros homens, ou implicando o acentuar de rotinas destruidoras para manter e até dilatar os bens que se possui. Um homem fraco pode enriquecer precisamente para fugir dos outros homens e da rotina, porque em última análise acredita que quanto mais bens possuir, melhor será visto, maior e mais respeitável será o seu estatuto, acedendo à elite e dispondo-se a olhar os outros homens como seres inferiores. Neste caso, ter bens é construir paredes à semelhança dos claustros dos conventos, muralhas que legitimem a sua superioridade -distanciamento - em relação aos comuns mortais. O homem forte e corajoso não se refugia no estatuto que o dinheiro ou os bens lhe possam trazer, o que não o impede de enriquecer ou possuir um império. O homem forte não é escravo do que tem; o homem fraco é o maior servidor do que pensa possuir. Em regra, o homem rico que é fraco torna-se avarento e desconfiado. O próprio Gandhi, um dos homens mais frugais da história da humanidade, dizia que, em si mesma, a riqueza não é um mal, desde que o homem rico não se deixe escravizar pelos seus bens, sendo como uma espécie de rio onde outros homens se alimentam, porque o dinheiro pode ser com um rio, dar vida por onde passa, ou como um lago entrofizado, caso esteja parado e sirva apenas como uma espécie de tesouro pessoal indissociável daquele que o possui, e onde aquele vai buscar a sua legimidade perante os outros homens. A água parada rapidamente se torna venenosa, não leva vida a lado nenhum. É antes morte. Contudo, um homem pode também servir-se inteligentemente dos bens que possui para quebrar o ciclo demolidor dos dias que autofagicamente se devoram, das semanas ocas e do cinzentismo de uma rotina alienadora, espartilhante e capaz de apagar o brilho de um olhar. Pode servir precisamente para cumprir uma vida, para gerar o ócio necessário para se ser um profundo artísta, um profeta, um missionário, um grande empresário capaz de pôr em prática um conceito inovador. Pode ser apenas uma oportunidade para se ser homem. Nesse caso, um homem não quer ser rico pela riqueza em si mesma, mas quer apenas o suficiente para ter uma oportunidade de ser quem nasceu para ser. Não quer ter fortuna, mas os meios para cumprir os seus sonhos nos quais certamente não está o de ser rico. Poucos são, contudo, os que verdadeiramente definiram os seus sonhos de uma forma inteligente e realmente produtiva. Muitos confundem caprichos com sonhos. Não há nenhuma semelhança entre sonhar ser um artista de renome e ter um ferrari. Não há nenhuma semelhança entre cumprir o desígnio de uma vida e obedecer a uma excentricidade vulgar.

terça-feira, maio 12, 2009

Giant Man - a história de um jovem de quem não se esperava grande história

É a história de um rapaz de 25 anos, residente nos EUA, que nasceu sem pernas nem braços. Vale a pena ver o vídeo e perceber o modo como ele cresceu, cumpriu muitos dos seus sonhos, e se tornou uma inspiração para o mundo.

When you think you have no strength to back up, you will find that strength, like i did!

E encontrou mesmo! Vale mesmo a pena ver.

Eis o link
http://www.4marks.com/videos/details.html?video_id=723

sexta-feira, maio 08, 2009

O Mito da Gripe A



Temos sido bombardeados nas últimas semanas com o papão terrivel e inevitável de uma pandemia mundial. A gripe A (que começou por ser Suina até que os porcos finalmente foram redimidos da sua culpa) partiu do México e propagou-se por vinte e tal países. Tudo bem. Até aqui entendo o que se pretende dizer por pandemia. Porém, parece-me que existe aqui uma enorme incongruência, alimentada pelas mais altas instâncias mundiais de saúde, nomeadamente a OMS.

É verdade que houveram já mortos, mas agora a OMS chegou à fantástica conclusão de que, ainda que haja pandemia, será moderada e não causará a extinção da espécie. A minha pergunta é muito simples e directa: se a gripe sazonal mata em média 300 mil pessoas por ano em todo o mundo, qual é alarme em relação à gripe A que, até ver, matou 150 pessoas, e nenhuma na Europa? Porque é que se considera a Gripe A uma pandemia, e não se declara uma pandemia todos os anos sempre que a Gripe Sazonal ataca? Qualquer pessoa que esteja a ler este blog já passou pela experiência da gripe sazonal, e nem por isso ficou alarmada com isso. Nada que um cházinho, muito descanso e benurons não resolvam. Pronto, concedo ao senhores da OMS que a gripe A parece provocar vómitos e diarreias fortes, mas a verdade é que a gripe sazonal é mais mortífera, sobretudo quando atinge crianças e idosos mais vulneráveis. Qual é a novidade, alguém suficientemente versado pode explicar-me?

Posso sempre especular e dizer que esta gripe A é uma bela mistificação, orquestrada pelas mais altas instâncias da saúde pública reféns de outras altas instâncias a trabalhar na obscuridade, nomeadamente a poderosissima indústria farmacêutica... Será a gripe A uma estrondosa campanha de marketing patrocinada pelos grandes laboratórios para que se venda o tal Osertamivir, esse mesmo medicamento que dizem ser o apropriado para esta maleita? Porque pelos vistos, o Tamiflu já não serve...

Vá-se lá saber. Até ver, quem tem ganho com esta pseudo-maleita são os vendedores de máscaras faciais. E, até ver, quem tem perdido mais são os porcos. Que o digam os pobres porcos egípcios que foram chacinados...

sexta-feira, abril 24, 2009

25 de Abril - Ainda está tudo por contar...



Já é pelo menos a terceira vez que escrevo sobre o 25 de Abril neste blog. Todos os ciclos têm esta particularidade de renovar todas as coisas. Um ciclo perfeito, regular, tem o poder de não cansar, fazendo um determinado acontecimento surgir sempre de cara lavada, como a própria Primavera.

Não há dúvida que a História é o juiz mais imparcial de todos os juízes. Isto, é óbvio, quando ela não é escrita pelos vencedores, ou mesmo pelos vencidos. A verdadeira história é escrita sem emoção, fria e racionalmente como um teorema matemático. 35 anos depois, não me parece que a história do 25 de Abril esteja toda ela colocada na devida perspectiva, imparcial e fielmente enquadrada numa estrutura de causa e efeito, de factores e contra-factores. Surge sobretudo baseada no testemunho, que, só por si, não é história, mas apenas e só testemunho. Os jornalistas também testemunham, e nem por isso um artigo de jornal é um pedaço de história. Poderá sê-lo, mas depois de perspectivado e inserido num contexto mais amplo. Cada um conta a sua experiência, como que esforçando-se por não ser esquecido, intimamente desejando que o seu nome se inscreva nas páginas transcendentes de um acontecimento que se tornou intemporal. Todos os grandes acontecimentos se tornam intemporais, desagregram-se da próprio tempo que os gerou fazendo parte de uma espécie de Presente colectivo do qual as sociedades se fazem, e sobre o qual se constroem. A isso se chama Cultura, no sentido mais amplo do termo.

Podemos inclusive afirmar que para o acontecimento específico do 25 de Abril, existem várias histórias possíveis. Existe a história escrita nos anos seguintes, influenciada sobretudo por ideologias de esquerda, as mais oprimidas e subjugadas durante o Estado Novo, que vêem no 25 de Abril uma espécie de Primavera de Praga. Se os comunistas foram os mais perseguidos durante a ditadura, também o foram por toda a Europa, inclusive em países ditos democráticos, inclusive nos EUA, sobretudo porque se vivia num tempo muito particular que nem sempre se tem em conta quando se faz história sobre o Estado Novo. As alas politicamente mais à esquerda viram no 25 de Abril uma oportunidade única para tomarem o poder e implantarem em Portugal um regime comunista. Por outro lado, as alas mais à direita, spinolistas, eanistas, chame-se o que se quiser, foram um contra-poder necessário (mas igualmente perigoso para a democracia). Depois do 25 de Abril, tivemos o Verão Quente e o 25 de Novembro, quando Portugal esteve muito perto de uma guerra fratricida entre as alas extremadas do exército. Temos também a história de uma luta posterior de que pouco se fala, que consistiu em acabar com o poder do MFA e do Conselho da Revolução, devolvendo-o a quem de direito numa democracia saudável e sem ressentimentos, ou seja, aos civis. Cada um puxa a brasa à sua sardinha, escrevendo a história à sua maneira tentando o melhor possível salientar o melhor, e esconder o pior.

O 25 de Abril não foi um ponto de viragem, mas apenas um primeiro passo de algo que ainda está muito longe de terminar. Não sejamos ingénuos em acreditar que tudo o que foi feito o foi com a melhor das intenções, e que os seus protagonistas eram todos homens desinteressados, honestos e idealistas. Pelo contrário. Não tenho dúvidas que o sr Otelo, esse mesmo que vai ser promovido a Coronel e que fez parte das FP25 de Abril, e que afirmou que se «tivesse lido os livros certos seria o Che Guevara da Europa», tinha intenções bem menos altruístas quando elaborou o plano de sublevação contra o governo de Marcelo Caetano. Salva-se talvez Salgueiro Maia, que fez o que tinha de fazer e a seguir se retirou, sem nunca desejar poder ou qualquer outra glória senão a de ter cumprido o seu dever quando o destino o solicitou.

Acredito que os próprios protagonistas do 25 de Abril não estavam à espera de conseguir o que conseguiram. Provavelmente nunca acreditaram que aquele dia ficasse gravado na História da forma que ficou, e que os seus actos, ainda que nem sempre claros ou bem intencionados, conduziriam à democracia pluralista e liberal em que vivemos. Não podemos, é claro, esquecer as muitas lutas e os muitos protagonistas que nos anos seguintes contribuíram para o estado de coisas em que vivemos. Foram muitos e bons, e no fim de contas, o que imperou foi o bom-senso e a moderação. Essa ideia de que somos um povo de brandos costumes tem mesmo uma razão de ser, porque no fim de contas, ainda que extrabuxemos muito e ameacemos mais ainda, acabamos por terminar todos aos abraços, amigos e compadres, ainda que se torça o nariz.

Em última análise, o que está em causa é o valor intemporal da Liberdade.

quarta-feira, abril 08, 2009

Horizonte



Por vezes, na languidez adormecida de um olhar sem objecto, surgem razões e filosofias, vindas de um nada criador, herdeiro do próprio Nada de onde o Tudo veio. Os sinais existem, o mundo é um largo livro de páginas soltas onde podemos ler a Vida, os Segredos e o Mistério. Vi o mar e o céu tocarem-se naquela linha imaginária a que se convencionou chamar de horizonte. Vi-o, lá bem longe, porque o horizonte tem o condão de sempre se afastar, ainda que viajemos à velocidade da luz na tentativa de o alcançar. O horizonte é inatingível como o sonho último, a última fronteira. Lembrei-me de algo curioso. Afinal, o horizonte pode ensinar-nos algo muito simples: viver, é precisamente estar nessa linha imaginária na qual o Céu e a Terra se tocam. Somos o ponto de encontro, o vértice, a aresta onde confluem o Céu e a Terra, o material e o imaterial – há quem lhe chame espiritual -. Nunca poderemos compreender-nos verdadeiramente porque nunca nos poderemos ver de fora, como se fossemos ao mesmo tempo observado e observador. Não podemos ver o horizonte da nossa própria existência, porque verdadeiramente nele estamos inseridos. Sem termos consciência, estamos ligados ao mundo de cima e ao mundo de baixo. Somos o quadrado – 4 elementos – cujos vértices tocam no círculo – infinito -. Somos verdadeiros homens de Vitrúvio ao jeito de Da Vinci; somos verdadeiros herdeiros de todas as grandes cosmogonias do passado, fossem elas mito ou realidade, sonhos, fábulas ou alegorias. Somos ao mesmo tempo filhos do pó da terra, e do pó das estrelas! Na verdade, do pó viemos, e ao pó havemos de voltar, a esse mesmo Pó caótico de cuja massa os mundos são feitos. O corpo anseia pela corporalidade, a mente pela imaterialidade; o corpo é material, e é a materialidade que o atrai; o que podemos chamar aquilo que em nós procura o imaterial? Alguns chamaram-lhe alma, outros espírito. Seja o que for, é aquilo que nos torna verdadeiramente humanos. Talvez nem faça sentido que a questão se coloque em termos de existência ou não existência de Alma. O imaterial e o inextenso existem de facto na medida em que somos herdeiros de ideias, sonhos, ideais, e não apenas de genes e determinismos biológicos. Não se pode conter uma ideia, senão dentro de um livro, ou seja, só as palavras podem conter a imaterialidade da ideia. As palavras são como que portas abertas entre o mundo imaterial e o material. É através delas que o imaterial penetra no material, e por elas modela o mundo à sua própria imagem.

segunda-feira, abril 06, 2009

Lisboa e o prenúncio de um desastre



Um sismo em Itália, imprevisto por um lado (pois a ciência da previsão sismográfica ainda não permite prever matematicamente a ocorrência de um sismo), mas previsível por outro, pois o centro de Itália está precisamente em cima de uma falha tectónica.

É muito difícil prever um sismo. O processo de «previsão» baseia-se em meras probabilidades, sendo bem mais fácil prever que vai chover ou que vai estar sol, do que adivinhar que amanhã a terra vai tremer. Há zonas onde é mais provável ocorrer um sismo, e o melhor que se pode fazer é monitorizar a zona tentando perceber a frequência com que pequenos sismos vão ocorrendo. Porém, ninguém pode, com rigor, afirmar que a energia acumulada nas entranhas da Terra um dia se vai libertar com estrondo, sangue e lágrimas. Como em tudo na vida, o melhor é prevenir.

Em terra de cegos, quem tem olho é rei. Em Portugal continuamos cegos, como se vivêssemos numa espécie de utopia saramaguiana. Lisboa é um barril de pólvora. Quem não percebe isto, não percebe nada de nada. Em 1755, o sismo de Lisboa não só abalou a capital, como teve eco mediático por toda a Europa! Voltaire escreveu abundantemente sobre o terramoto de Lisboa, e os cientistas de hoje afirmam com grande certeza que o sismo atingiu a magnitude de 9 na escala de Richter! Só para se ter uma ideia, o terramoto que provocou o tsunami no sudeste asiático em 2004 foi de 8.5. O epicentro do terramoto de Lisboa, à semelhança do terramoto no sudeste asiático, foi também no mar, a cerca de 200 km a sudoeste de Lisboa. Sabe-se também que, pouco depois do sismo, e para horror daqueles que se refugiaram na zona portuária de Lisboa, uma terrível sequência de vagas de 6 a 10 metros de altura arrasaram o que restava da já fustigada cidade. Sabe-se que a água terá chegado até perto do local onde hoje se situa a Assembleia da República.

Ora, parece-me que a questão que se põe é a seguinte: estão as populações e os agentes políticos de hoje verdadeiramente conscientes do perigo? É óbvio, até para o mais leigo dos leigos em ciências, de que mais tarde ou mais cedo ocorrerá um novo sismo em Lisboa. Se será em proporções tão apocalípticas não se sabe, mas se ocorreu uma vez, certamente que ocorrerá no futuro. A questão é quando, e não se.

Quando penso que a grande maioria dos edifícios de Lisboa datam do tempo do Pombal, e que a construção mais recente, sobretudo nos arredores de Lisboa, se baseia na quantidade, e pouco na qualidade; quando penso que a zona de Lisboa está sobre sedimentos, argilas, ao contrário do Porto que se situa em maciço central granítico; quando penso que milhares de pessoas vivem em caixotes urbanísticos, sem planos de emergência, sem saídas ou entradas suficientemente largas, sem infra-estruturas ou saídas adequadas para as águas (vê-se que basta chover dois ou três dias para ocorrerem logo cheias em certos pontos da cidade); quando me lembro que, por exemplo, aquando da construção do metro no Terreiro do Paço abriu-se um buraco de um dia para outro, sem causa aparente; e, sobretudo, quando penso que o metro de Lisboa, nomeadamente na linha do Terreiro do Paço, se situa abaixo do nível das águas do Tejo, enterrado num solo argilento, sedimentar, pouco estável... quando penso em tudo isto, tremo e não auguro nada de bom. Ora, quanto a isto, quanto à verdadeira prevenção, há algo a ser feito pela câmara, pelo governo, pelo país? Será que se as entidades políticas terão mais ânimo para fazer alguma coisa se souberem que o Terreiro do Paço – ou seja, os ministérios – ainda que sobrevivam ao sismo, serão apagados do mapa pelo maremoto? Está a Lisboa de hoje preparada para o desastre de amanhã? Será que, em vez de equipar a AR com tudo o que há de melhor a nível tecnológico, em vez de distribuir Magalhães ou alargar o ADSL a todas as escolas, não seria mais apropriado criar um plano de emergência a sério, com monitorização constante, ou apostar na construção anti-sísmica em toda e qualquer nova construção lisboeta, acompanhada pela recuperação das mais antigas, sobretudo as que foram construídas logo depois do fatídico ano de 1755?

sexta-feira, abril 03, 2009

Só não ouve quem não quer...



Acredito sinceramente que as instituições bancárias são mais perigosas que qualquer exército regular, e que o princípio de gastar dinheiro que terá de ser pago amanhã, quem sabe se pelas gerações futuras, sob o pretexto do crédito e do financiamento infinito, não é mais do que burlar e hipotecar o futuro de todos nós.

Thomas Jefferson, 3º Presidente dos EUA


Temos por hábito ignorar ou rejeitar como anacrónico aquilo que vem do passado. Achamos que o futuro pode ser risonho, que o amanhã é que é, e depois é que vai ser. Porém, há gente que no passado conseguiu ser bem mais moderna que qualquer modernista dos dias de hoje. Há gente que soube prever o descalabro, e deixou avisos, migalhas ao longo do caminho qual polegarzinho que deixa pedaços de pão para que ele e os seus irmãos não se percam. A crise de hoje, e a bem dizer, qualquer grande crise não é mais do que o cometer dos mesmos erros, ou o fechar dos olhos aos sinais e prenúncios que já não são de hoje.

Thomas Jefferson, nascido em 1743, eleito presidente em 1801, antes de Marx, de Proudhon, de Keynes, do comunismo, do socialismo, de grande parte dos ismos de hoje, lá sabia o que dizia...

A citação é retirada de um pequeno livro de citações intitulado Wit and Wisdom Of The American Presidents. Comprado na fnac por 2,46 euros, ensina mais sobre ciência e filosofia política nas suas sessenta e tal páginas, do que em qualquer tratado que eu conheça sobre o assunto. Até o Bush tem direito a quatro citações, e parece que já foi demais...

quarta-feira, março 25, 2009

Nova Idade Média



Hoje, enquanto via um programa no canal história sobre o éden biblico e a sua possível localização geográfica, tive uma espécie de epifania intelectual: a sociedade em que vivemos está a perder a ligação às suas raizes. Estamos a perder noção do nosso passado, e de quão importante é a conexão com a raiz que nos sustenta, a terra de onde vimos e para onde vamos. O preço desta negligência crescente é um outono eterno, uma cada vez maior perda de vitalidade nas folhas que somos, nos frutos que produzimos, nos ramos de onde derivamos. O preço de tudo isto é um derivar ideológico, intelectual, um amorfismo de pensamento, de crenças, de convicções. O preço de tudo isto é uma nova idade média na qual já entramos, embora ainda não lhe chamemos tal coisa. É uma idade de novos fanatismos, novos obscurantismos, pouco espírito verdadeiramente racional e crítico do mundo e da vida. A moda e o status quo arredam-nos dos centros de decisão política. Não é por acaso que 90 por cento da população simplesmente não se interessa por política, nem lê jornais, nem se informa devidamente sobre nada. A moda e o status quo arredam-nos dos humanismos, das ciências, do pensamento em geral. Não é por acaso que pertencer a uma área científica ou humanista em Portugal é, quase sempre, uma condenação a um fracasso profissional gritante e nada digno. Não é por acaso que se põe a tónica no tecnológico, no aparentemente útil, no tecnicismo.

Não é por acaso que vivemos num tempo em que a imagem, a publicidade, a força da opinião dita pública é dominada pela opinião privada – a opinião da maioria não é mais do que a opinião estrategicamente colocada e vestida pelo marketing -. Não é por acaso que cada vez mais jovens não saibam nada da história universal, ou sequer da história do seu país, ignorância encarada como natural, e com um sorriso condescendente no rosto. As televisões são o reflexo de um pseudo-serviço público, apostado menos em responder às verdadeiras aspirações intelectuais das pessoas, dos jovens, das crianças, do que aos interesses dos seus patrocinadores. Os conteúdos televisivos não formam nem informam; antes desinformam e desformam. Apostam numa rotina de mediocridades, de lugares-comuns, de conteúdos light que não obrigam a pensar muito... E sublinho o papel das televisões porque são o meio mais popular e mais ubíquo em todo o mundo. Ainda que não queiramos, os seus conteúdos entram pelas nossas casas, e, subliminarmente, pelas nossas consciências ou inconsciências adentro. Um estudo com alguns anos demontra que, em média, os europeus vêem 3 a 4 horas de televisão por dia! Ora, feitas as contas, 8 horas são para dormir, 4 para ver televisão (já são 12 horas), mais 8 para trabalhar, e as restantes 4 são para comer, beber, tomar banho, estar no trânsito, etc. Portanto, quanto tempo sobra para o resto? Nenhum. Chamo-lhe a rotina da estupidificação, na qual, infelizmente, estou também incluído até certo ponto. As necessidades materiais, a pobreza crescente, agudizada pela crise internacional (crise que pode ser desculpa para tudo, inclusive para acentuar este status quo a favor de alguns interesses económicos e políticos pouco claros que tudo controlam) vão piorar e agudizar esta rotina da estupidificação. Enquanto se mantiverem as massas ocupadas com a sua própria sobrevivência, certamente que não terão tempo nem paciência para ler Homero ou pensarem sobre questões fundamentais como de onde vimos? ou para onde vamos?. Pois certamente que não. Entretanto é tão mais fácil manipular o dito povo que mais ordena.

terça-feira, março 24, 2009

Earth Hour - A hora em que a terra se apaga



Dia 28, a partir das 20:30, é de esperar que o mundo fique às escuras. Contudo, neste caso específico tal não será negativo, nem se tratará de nenhum ataque terrorista global. O desafio proposto é o de que, durante uma hora, todas as luzes se apaguem, em todas as casas e demais edifícios das cidades.

Em Portugal, a ponte 25 de Abril, o Cristo-Rei bem como outros monumentos nacionais, vão aderir à iniciativa.

Um hora sem fazer uso de energia eléctrica pode parecer simbólico, mas a verdade é que terá de facto um impacto positivo na poupança de energia, e por consequência na diminuição da poluição (em Portugal grande parte da energia eléctrica é produzida em centrais termoeléctricas que utilizam carvão e outros combustíveis fósseis).

Vale sempre a pena.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Dar Voz à Sociedade Civil

Está na hora de todos nós termos uma palavra a dizer na condução dos destinos deste país. Abri um tópico no fórum de ideias no qual coloco a seguinte questão: Quais as medidas mais correctas e adequadas para superar a Crise económica e de mentalidades em Portugal?

Deixe a sua ideia. O fórum é aberto a todos. Basta clicar na pergunta e criar um novo tópico do lado direito.

Posteriormente, enviarei todas essas ideias directamente para o e-mail do gabinete do primeiro-ministro. Pode ser que as leia...

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Respondendo à Crise Mundial - e eu não sou economista...




Somos confrontados diariamente com o espectro da crise. Ela parece estar em todo o lado, de todas as maneiras, e a verdade é que está para durar. O desemprego aumenta de dia para dia a uma velocidade exponencial. Fecham empresas, descobrem-se fraudes milionárias na alta finança, e o optimismo dá lugar ao desespero. Nos EUA, Obama está com imensas dificuldades em fazer passar o seu plano de 800 mil milhões de dólares. O que é curioso, é que antes do plano Obama existiu um plano Bush de 700 mil milhões que pouco ou nenhum efeito positivo teve na economia. Ou seja, o ataque à crise tem-se baseado na injecção massiva de dinheiro do Estado na esfera privada, essa mesma que supostamente se regulava a si própria e reclamava menos estado. Parece-me incrível que os grandes economistas, nomeadamente o sr Greenspan, tenham ignorado um princípio fundamental denominado princípio da entropia. Era óbvio que perante a crescente globalização do mercado – e de tudo o que a globalização implica – o epílogo desta caminhada só poderia ser o caos. O princípio da entropia diz que, num qualquer sistema fechado, o aumento da complexidade do sistema conduz, inexoravelmente, ao aumento do caos.

A globalização rege-se por três princípios: o princípio borboleta, o princípio da entropia, e o princípio bola de neve. O princípio borboleta designa que o que se passa num determinado sector da economia de mercado influencia, mais tarde ou mais cedo, todos os outros sectores, inclusive os mais periféricos. O princípio da entropia designa o que já disse no parágrafo anterior, ou seja, quanto maior a complexidade da rede de relações entre um número cada vez maior de agentes económicos, maior o caos e a desordem. Por fim, o princípio da bola de neve. Este princípio é o mais curioso, na medida em que tende a amplificar as intenções latentes ao económico, tornando-as dominantes. Ora, na medida em que aumenta o número de agentes económicos, aumenta também a competitividade. O aumento crescente da competitividade abre caminho a uma inversão de valores. Ou seja, se o impulso inicial da globalização se baseava na responsabilidade, o aumento da competitividade e da ferocidade na luta pelo domínio conduz a uma crescente tolerância à irresponsabilidade, ou seja, e traduzindo em linguagem económica, ao risco. Se o impulso inicial era uma certa contenção e austeridade, o aumento do caos e da competitividade conduz a uma crescente tolerância em relação à ganância. Portanto, a bola de neve consiste na amplificação de impulsos que existiam de forma moderada, mas que, por questões de competividade e de lucro, se tornaram dominantes em relação aos impulsos originais. Isto vê-se, por exemplo, ao nível do trabalho. Podemos dizer que ao longo do séc. XX muitas foram as conquistas ao nível das condições de trabalho. Por exemplo, as 40 horas semanais, as férias pagas, os cuidados de saúde, o subsídio de desemprego, os contratos de trabalho. Ora, na medida em que a economia está globalizada e conta, hoje, com novos actores como a China, a Indía, a Rússia, está-se a abrir caminho à tolerância em relação a condições de trabalho menos vantajosas e, em muitos casos, absolutamente desumanas. Está a dar-se uma inversão de valores, na medida em que o trabalhador também passou a fazer parte do jogo do mercado, ou seja, assim como uma indústria procura obter a sua matéria prima ao preço mais barato do mercado, é também legítimo (segundo as leis do mercado) que esta mesma indústria procure trabalhadores ao preço mais barato do mercado. Isto justifica deslocalizações em massa para países como a China. Ora, perante isto, a China vê-se subitamente catapultado para a cena internacional como incontornável agente económico. E o que acontece de seguida? É forçoso que hajam ajustamentos internacionais (princípio da borboleta) que conduzem a um aumento brutal do desemprego, para que o mercado de trabalho se dilate e contenha agora milhões de pessoas que, perante a inevitabilidade das circunstâncias, se vejam obrigadas a trabalhar sob condições de trabalho mais precárias e com salários muito inferiores a que, em muitas situações, estavam habituadas. Esta crise mais não é do que um brutal e terramótico ajustamente aos novos valores de mercado, como sejam a consagração da irresponsabilidade, da ganância efectiva, e do homem-produto.

Deixo algumas medidas que poderiam ser postas em prática para fazer face à crise.

- Proteccionismo financeiro – todas as grandes fortunas só poderão sair de Portugal com a aprovação do BP.

- Reforço do aparelho produtivo agrícola, com integração de quadros qualificados, bem como de mão de obra indiferenciada. Portugal não pode apenas um país de serviços – Negociação com Bruxelas das cotas impostas

- Perdão de dívidas fiscais até 10 mil euros.

- Nos casos de maior necessidade, em que um determinado agregado familiar se veja em risco de não conseguir pagar a prestação ao banco, o Estado comparticipa pagando os juros associados, ou uma determinada percentagem mais significativa da prestação mensal, durante um período de tempo a combinar com a instituição bancária.

- É preciso facilitar e fomentar mobilidade dentro da UE a nível de empregabilidade. O mercado global determina que haja mobilidade também ao nível do mercado de emprego, e portanto, o estado deve facilitar, seja através de bolsas ou outros tipo de comparticipações, o emprego fora de Portugal, sobretudo para os mais qualificados.

- O emprego electrónico deve ser também fomentado. As empresas devem apostar cada vez mais em emprego não presencial. Deve ser possível que alguém viva em Portugal e trabalhe para uma empresa Belga, sem sair de Portugal.

- Comércio justo. A UE deve esforçar-se por fazer valer os seus valores de trabalho justo e leal. Os países que fomentam o trabalho precário, mal pago, desumano, desrespeitador dos direitos mais elementares do trabalhador, devem ser censurados, os seus produtos boicotados, e as empresas que se deslocam para estes países, multadas.

- A união europeia tem de criar uma política económica que configure uma unidade real, universal, concreta.

- Os prevaricadores e fomentadores da irresponsabilidade financeira e económica devem ser punidos de forma exemplar.

...

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Ano Internacional da Astronomia - Sessão de Abertura na Casa da Música



O ano de 2009 é o Ano Internacional da Astronomia. Ao longo do ano, serão muitas as iniciativas que terão lugar por todo o país. Amanhã, dia 31 de Janeiro, terá lugar na Casa da Música a sessão de abertura oficial do Ano Internacional da Astronomia. O programa consiste na Sessão de Abertura, pelas 16 horas, seguida de uma palestra às 16.30 com o tema O que queremos descobrir sobre o Universo?, dinamizada pela Professora Doutora Teresa Lago. A sinopse da palestra pode ser consultada aqui. A entrada é gratuíta.

Finalizará com um concerto pelas 18 horas, intitulado Uma viagem pelo Sistema Solar, pela Orquestra Nacional do Porto, e pelo Coro de Letras da UP. O bilhete tem o custo de 17 euros.

Pelas 18:30, para quem estiver interessado (e se as condições atmosféricas o permitirem) terá lugar uma sessão de visualização astronómica com telescópios na praça da Casa da Música. Quem quiser pode, inclusive, levar o seu próprio telescópio.

Porque o Universo é tudo.

Para mais informações acerca de outros eventos no âmbito do Ano Internacional da Astronomia, clique aqui.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Prevenir o Cancro - ainda o bicarbonato

Uma leitora a quem eu desde já agradeço, deixou um comentário ao post sobre o Bicarbonato com um link (http://www.theresacatharinacampos.c
om:80/comp2666.htm). Segundo esta leitora, são muitos os tratamentos que estão a surgir, a cada dia que passa, para o tratamento de várias doenças, inclusive o cancro. Trascrevo de seguida o artigo escrito no blog da leitora:

ANTI-CÂNCER - PREVENIR E VENCER USANDO NOSSAS DEFESAS NATURAIS
Dr. David Servan-Schreiber
Aos 31 anos de idade, o Dr. David Servan-Schreiber, um brilhante psiquiatra e pesquisador na área da neurociência, teve o diagnóstico de um tumor no cérebro. Depois de vencer um segundo câncer, através da cirurgia e quimioterapia, perguntou ao seu oncologista quais as precauções de deveria tomar para evitar uma recaída: "não há nada em especial a fazer, siga sua vida normalmente".


A partir daí, fez um extensivo levantamento de estudos científicos e terapias alternativas que resultou num livro com uma proposta prática de prevenção e terapias complementares aos tratamentos convencionais contra o câncer.


A seguir, passamos a listar os pequenos e grandes transformadores de vida, para aumentar as defesas naturais do nosso organismo, proposta pelo Dr. David Servan-Schreiber, através de seu livro: "Anticâncer - Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais":



Proteger-se
Evitar os produtos químicos industriais quando for fácil:

Arejar as roupas depois da lavagem a seco.
Evitar os pesticidas e inseticidas.
Evitar os produtos de limpeza químicos.
Evitar alumínio em contato com a pele.
Evitar os parabenos e os ftalatos nos cosméticos.
Evitar os cremes que contém estrógenos ou hormônios placentários.


Comer
Comer comida orgânica ou Bleu-blanc-coeur*:

Carne, ovos, manteiga, leite, iogurte (preferencialmente orgânicos, mas menos importante para legumes, frutas e cereais).

Reequilibrar a alimentação:

Reduzir o açúcar, as farinhas brancas, as fontes de ômega-6: óleo de girassol, de milho, de soja, de cártamo, margarinas, gorduras hidrogenadas, gorduras animais não orgânicas ou Bleu-blanc-coeur* (carne, ovos, laticínios).
Aumentar as fontes de ômega-3: peixes e crustáceos, produtos animais orgânicos ou Bleu-blanc-coeur*.
Aumentar os alimentos anticâncer: cúrcuma, chá verde, soja, frutas, legumes.

Filtrar a água da torneira:

Com um filtro a carvão ou de osmose invertida ou utilizar água mineral ou de fonte.
Mexer-se

Fazer de 20 a 30 minutos de atividade física diariamente.
Tomar sol 20 minutos por dia quando for possível: produz vitamina D.

Meditar

Praticar um método de autocentragem e tranqüilidade:

Ioga, coerência cardíaca, meditação em plena consciência, qigong, tai chi, etc.
Libertar-se do sentimento de impotência

Resolver os traumas passados.
Aprender a acolher as próprias emoções: inclusive o medo, a tristeza, o desespero, a raiva.
Aprender a deixar as emoções se dissiparem sem se prender a elas.
Encontrar uma pessoa com quem possa compartilhar as emoções.

Extraído do livro: Anticâncer - Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais, David Servan-Schreiber, Editora Objetiva

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Bicarbonato e a cura para o cancro - Será possível?




Pode parecer improvável, ou até fruto da imaginação de uma qualquer mente preversa, em busca de fama e riqueza imediata. A verdade, é que um tal de Dr. Simoncini, médico italiano, realizou uma conferência recentemente nos EUA, afirmando ser perfeitamente possível curar o cancro, imaginem, através do comum Bicarbonato de Sódio!

A teoria é simples. Simoncini parte do facto comum de todas as pessoas com cancro terem aftas. Seja qual fôr o tipo de tumor, as aftas surgem sempre como sintoma de que algo pode não está bem. Segundo Simoncini, até agora os médicos consideravam as aftas apenas como uma consequência do cancro. Simoncini propõe uma abordagem diferente: e se for o fungo da mucosa o rastilho para o cancro? Simoncini afirma que o cancro pode ser uma resposta do corpo humano à proliferação dos fungos, ou seja, as células tendem a acelerar o seu ritmo de crescimento para responder à invasão fungica. Neste sentido, o cientista experimentou, em vários contextos, utilizar o mesmo produto que se usa para as aftas, directamente nos tumores. Voilá! Segunde ele afirma, e como aliás está testemunhado por uma série de relatos, a maioria dos tumores tratados com bicarbonato de sódio entraram em remissão! Será mesmo possível? Porque é que uma notícia destas, a ser verdade, não foi ainda divulgada nos média em todo o mundo?

Vale a pena ver o vídeo
CLIQUE AQUI

Visite o site e tire as suas próprias conclusões
http://www.cancerfungus.com/