Anúncios google

domingo, agosto 19, 2007

Misseis com Amor



Todos dias há desastres, catástrofes e acidentes que ceifam vidas, destroem e arruínam. Todos os dias o sol levanta-se para presenciar dor, morte, sofrimento e desespero de quem perde tudo mesmo quando já nada tem a perder. No Iraque são às centenas todos os dias. Morrem como se a morte fosse uma forma de vida. Hoje 185 mineiros na China esperam pela morte enquanto as águas continuam a subir e a obstruir-lhes a saída. Já para não falar nos 5000 que todos os anos perdem a vida nas minas chinesas… Ou naqueles que são condenados à morte sem ninguém saber, só para satisfazer a ganância de regimes corruptos, e negócios pouco claros.

Nas estradas morrem outros tantos. Todos os dias há uma mãe, uma filha, um pai, um irmão que recebe um agente da polícia na sua casa para receber a triste notícia: «Não sobreviveu aos ferimentos, lamento profundamente.» O formalismo e imparcialidade dos jornalistas esconde o drama dos nomes por trás das notícias. Esconde a angústia desses pais, dessas mães, irmãs ou namoradas, dessa gente que vive na própria carne a dor da perda, da estupidez das circunstâncias e a dúvida, o eterno «porquê?».

Ao mesmo tempo vamos recebendo notícias de novas corridas ao armamento, ajustes de contas, novos ódios entre civilizações que criam raízes, novas ditaduras a emergir da sombra, novos motivos para odiar. Devagar o passado vai ficando esquecido, cristalizado nos livros de história como se já não nos pertencesse. E os mesmos erros são cometidos, os mesmos apelos e as mesmas palavras de ordem que no passado serviram para arrebanhar gente são utilizados agora, para satisfazer os planos de alguns.

No meio de tudo isto vejo a minha vida. Vejo-me a mim em busca do amor, da simplicidade de um banco à beira mar, com a pessoa que amo, trocando beijos e palavras cúmplices, e pergunto: quererão destruir isto? Porque querem os que não têm amor, destruir os que o procuram? Valerá mesmo a pena um escudo anti-misseis para isolar, ou serão preferíveis palavras de ânimo e cumplicidade para unir?