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segunda-feira, julho 14, 2008

Castelo das Paixões - recriação histórica e amor impossivel



Para quem tem um especial apreço pelo ambiente medieval, pelas lendas e histórias que se perdem em objectividade mas ganham em nebuloso e misterioso, fica uma bela sugestão para as sextas-feiras à noite dos meses corrente e de Agosto.

Castelo das Paixões é uma recriação histórica do cerco imposto por D. Urraca, irmã de D. Teresa de León e mãe do nosso rei fundador. Cerco que manteve D. Teresa prisioneira na sua própria casa, o castelo de Lanhoso. Pelo meio temos uma bela história de amor medieval, como não poderia deixar de ser. Amor impossível e doloroso, entre um espírito nocturno na forma de uma mulher belíssima, e um homem mortal.

Tem todos os ingredientes para ser um espectáculo envolvente. Encenado nas próprias muralhas do castelo, com tochas, vestes medievais, e um elenco fabuloso do qual fazem parte alguns actores já conhecidos do nosso panorama televisivo, Castelo das Paixões faz-nos remontar ao séc. XI e até em certos momentos, participarmos da própria encenação.

O preço do bilhete é de 10 euros e pode ser comprado no posto de turismo da Póvoa do Lanhoso.

Para saber mais clique aqui.

quarta-feira, julho 09, 2008

Causas de uma decadência anunciada - marketização e felicidade instantânea



A sociedade em que vivemos baseia-se no mercado, no económico, no consumo, no lucro. É uma sociedade que se assemelha a um enorme shopping, uma feira interminável. Seja em casa, na rua, no emprego, a publicidade e o apelo à compra estão sempre presentes para onde quer que se olhe. Há uma marketização do humano. E neste furor não é só a tecnologia que avança – uma das vantagens da economia de mercado – mas também os métodos de marketing. O marketing aprendeu a jogar com o psicológico. A verdade substituiu-se em quase todas as dimensões pela mentira bem vestida. As relações humanas são a maior parte das vezes no âmbito do prestador/cliente. Servir bem o cliente é ser-se profissional, que significa vestir bem para bem se apresentar aos olhos do consumidor. Pelo que se vê, todos os domínios do humano acabaram por viver sob o jugo da troca e lucro. A própria publicidade melhorou os seus métodos de venda de produtos, descobrindo que a melhor forma de os vender é também vendendo modelos de felicidade. O marketing logrou provar às pessoas que sem determinados produtos jamais serão felizes. Dito de outra forma, a felicidade é inatingível sem últimos modelos e topos de gama. Isto está presente em quase tudo, desde os telemóveis aos automóveis, passando pelo turismo aos livros de auto-ajuda. O que se passa neste modelo de marketização é que tudo está ao alcance mais imediato, desde que se tenha dinheiro. Ser-se feliz, reconhecido e com algum estatuto está ao alcance do livro de cheques. Porque sem consumo esta sociedade não sobrevive, morre e perde razão de existir. Vemos uma progressiva aceleração do modo de vida nos últimos anos, porque necessidades atraem necessidades, e ter coisas implica ter outras coisas, o que por sua vez implica ter dinheiro para delas usufruir, o que implica emprego, velocidade, correria, chatices várias, menos tempo para os filhos, os amigos, a vida no seu estado mais puro. Para perseguir os modelos de felicidade que nos vão sendo subliminarmente impostos, aceitamos ceder parte da nossa liberdade e felicidade para, em troca, recebermos os meios de os atingir. Só somos felizes se tivermos carro, telemóvel, mp3, dvd, mp4, ipod, e um pc portátil. Mas para ter tudo isto temos de ter um emprego que o permita. Se nesse emprego ganharmos pouco, faremos tudo para ter um melhor. Tudo tanto pode significar procurarmos uma melhor formação, como utilizarmos métodos menos próprios abdicando da nossa dignidade e escrúpulos. Nada importa, se no fim tivermos todos aqueles equipamentos de que falei anteriormente. E porque a felicidade que nos vendem é uma ilusão, isso portanto nunca nos vai chegar. Queremos mais, queremos ir de férias nos roteiros comerciais que nos impingem nas televisões e nos cartazes de rua. A moda define o que num determinado período significa ser feliz. Queremos melhores marcas, mais vistosas e opulentas. E porque queremos mais e mais permitimo-nos trabalhar mais e mais, abdicar de mais e mais tempo para os filhos, amigos, namorados, familiares. Permitimo-nos estraçalhar um pouco mais a nossa dignidade e a dos outros. E com isto não quero dizer que não há quem não tenha mérito, porque o há sem dúvida. Há quem de facto cresça e melhore o seu estatuto profissional graças ao seu trabalho incansável e inteligência superior. E ainda bem. Com isto segue-se a crise do «inútil». Porque a felicidade só se atinge pelo material, útil e funcional, tudo o que não o seja está condenado à extinção. Se para o mercado melhorar a sua oferta são precisos mais técnicos e melhores, mais especialistas e melhores, então o que interessa é seguir um emprego com saída para se ter logo acesso ao mercado do emprego, ou tornar-se mais «bem vestido» para o mercado do emprego. Ai está de novo o marketing, porque se não estivermos «bem vestidos» para o mercado do emprego podemos não conseguir cumprir o nosso último objectivo, o de ter tudo aquilo que nos fará em ultima instância felizes: carro, telemóvel, mp3, dvd, mp4, ipod, e um pc portátil, boas férias nos circuitos da moda, estatuto perante os outros. Portanto, para que servem as religiões? Para que serve a filosofia, a metafísica e as humanidades em geral? Se não for para dar lucro, se não for para terem utilidade de mercado, nada!



Como já disse anteriormente, se a felicidade que se vende é ilusória então ela nunca chega, nunca preenche. A sociedade de mercado gera, para sua própria sobrevivência, pobres. Gera pobres em grande número, mas não se pode dar ao luxo de gerar miseráveis, pois sem consumidores aquela cai como um castelo de cartas. Mas precisa de pobres porque precisa de quem trabalhe. Precisa de quem diga «sim, preciso de trabalhar para ter acesso àquilo que os outros também têm». Porque se ninguém trabalhar, as indústrias não funcionam, a não ser que um dia sejam as máquinas a fazer o trabalho todo. A sociedade liberal encerra em si um interessante paradoxo. É preciso que todos tenham dinheiro, mas só alguns podem ser ricos. Se por acaso todos começam a ter dinheiro este deixa de valer, e portanto os preços aumentam (inflação). Porque se o capital individual aumenta, aumenta também a procura e portanto os preços. Por mais que se diga e as utopias falem mais alto, a sociedade de mercado não pode ser uma sociedade de ricos. O sistema económico liberal precisa de pobres, é desta forma que está equilibrado e quando este equilíbrio está ameaçado ele de imediato o repõe gerando mecanismos para que o poder de compra baixe. Enfim, um problema grave para o futuro. Onde quero chegar é que as pessoas de hoje estão imbuídas de duas ideias: a primeira é a de que o imediato é o caminho para a felicidade; a segunda é a de que a felicidade está à venda. Já percebemos o porquê. Isto explica por exemplo o retrocesso das religiões ditas institucionais (pelo menos no espaço ocidental) e o aumento da procura de ideologias que tudo prometem. Lembro-me do caso da fraude «O Segredo». São os chamados bezerros de ouro. Desiludidas com uma felicidade que demora, que é difícil e implica valores e sacrifício, o mundo deixa-se arrastar por um mundo de promessas de felicidade instantânea. Mais uma vez é o mercado em acção. Se as pessoas querem riqueza e felicidade instantânea, não faltam editoras a viver à custa desta ânsia que editam todos os dias livros com receitas práticas e com «sucesso garantido». Basta ir a uma livraria para o comprovar. Vivemos numa nova idade média, estou certo disso. Uma idade da ignorância e do obscurantismo. As pessoas são permeáveis a promessas sem fundamento, e ideias supostamente «cientificamente provadas». Nem conseguem distinguir entre romances históricos e realidade científica! Basta ver o que aconteceu com o Código Da Vinci… A ignorância é também um trunfo da sociedade de mercado. Poderão dizer que, hoje, a informação está disponível para todos ao alcance de um clique do rato, ou que há melhores técnicos. É verdade sem dúvida, mas jamais informação significou formação, e o mercado precisa de que quem tenha informação técnica, não formação humana. A formação humana é perigosa porque considera-se capaz de consumir menos, por em causa o marketing e a felicidade de super-mercado com livro de instruções.

quinta-feira, julho 03, 2008

Irena Sadler - Anjo do Gueto de Varsóvia



Há heróis para todos os gostos. Uns têm glória cedo, outros muito tarde. Mas no fim, quase sempre são reconhecidos por aquilo que fizeram em prol de valores mais altos. O cinema e a mestria de Spielberg imortalizaram Oscar Shindler, o indutrial alemão que salvou 1000 judeus, literalmente comprando-os aos alemães e integrando-os na sua fábrica de armamento que, na verdade, nunca produziu uma bala que fosse capaz de ser disparada. Gastou todo o pecúleo acumulado durante anos e anos para comprar judeus, subornar altos oficiais alemães, manter uma fábrica falhada. Enfim, basta ver a Lista de Schindler para ter uma ideia.

No entanto, outros heróis encontraram o seu lugar ao sol da História. Recentemente ouvimos falar de uma senhora quase centenária, desconhecida até há bem pouco tempo, longe dos holofotes de Hollywood, internada num lar para idosos em Varsóvia. É daqueles casos em que a glória chega tarde, mas é sem sombra de dúvida mais que merecida.


Sabemos que os alemães, antes de enviarem os judeus para os campos e por uma questão de organização, criaram uma cidade dentro de uma cidade - um gueto -, que ficou conhecido como Gueto de Varsóvia. Neste gueto o número de judeus atingiu o meio milhão. Desta forma, os alemães foram lenta e friamente, preparando os judeus para a liquidação e extermínio nos campos de concentração. Os alemães consideravam os judeus sub-homens, homens inferiores pejados de piolhos e doenças. Como tal evitavam o contacto com estes, temendo uma epidemia de tifo que rapidamente se poderia alastrar dentro das condições precárias do gueto. Nomearam pessoal polaco para sujar as mãos e gerir o gueto. Irene Sendler trabalhava no Social Welfare Department, uma espécie de Segurança Social que geria cantinas e assistia sanitariamente e logisticamente os mais pobres de Varsóvia. Claro que os mais pobres de Varsóvia, a certa altura e perante as pesadas restrições impostas pelos alemães, eram os judeus. O tal departamento ficou também responsável por assistir o gueto e os judeus que lá viviam. Pelos vistos a sua fama de «amiga dos judeus» valeu-lhe uma «estrela», não igual à que os judeus foram obrigados a usar, mas uma espécie de marca que a designava pró-judia.

Cedo, a sua influência dentro do departamento permitiu-a entrar em contacto com as familias judias e as suas dificuldades. Permitia-lhe uma enorme liberdade dentro do gueto. A certa altura começou a transportar crianças judias dentro das ambulâncias para fora do gueto, com a desculpa de que estariam com tifo. Entusiasmada, convenceu uma pessoa em cada um dos dez centros que constituiam o departamento de Social Welfare a participar na fuga dos judeus. Conseguiu mover influências que lhe permitiram falsificar milhares de documentos falsos com novas identidades para as crianças judias que se evadiam. A certa altura, depois de sedar as crianças, conseguia evadi-las dentro de sacos de batatas e até caixotes que, supostamente carregavem géneros. Havia uma igreja cristâ dentro do gueto. Leva por vezes crianças judias consigo, fazendo-as sair por uma das duas saidas da igreja que dava para o sector ariano de Varsóvia. Entravam como judeus, saiam como cristãos à vista dos alemães. A pergunta que mais doía e mais pesava na sua consciência vinha dos pais das crianças. Hesitantes em separar-se dos filhos perguntavam-lhe «tem a certeza que vão viver?». Sim, embora não tivesse certeza, o certo é que viveram. Até há pouco tempo, antes de falecer no lar de Varsóvia, muitas desses antigas crianças hoje com 70 anos ou mais, vinham agradecer-lhe e deixar-lhe flores, depois de verem a sua foto nos jornais e a reconhecerem.

Claro que cometem-se erros que podem custar a vida. Sadler foi descoberta, denunciada, sabe-se lá. Ela era a única que sabia a história das 2500 crianças que salvou, inclusive onde viviam e que familias lhes davam acolhimento. A Gestapo torturou-a amarga e duramente, partiu-lhe as pernas, os pés, mas em nenhum momento Irena abriu a boca para contar fosse o que fosse. Ela era a depositária das vidas passadas, e a responsável pelo futuro das crianças que tinha salvo. Perante aquela pergunta «tem a certeza que vão viver?» em forma de jura e de compromisso, Irena havia jurado salvá-las. As crianças nunca souberam o verdadeiro nome da sua salvadora. Conheciam-na por Jolanta, o seu nome de código.

2500 vidas. Eis o saldo da acção desta senhora, embora até ao último dia sempre afirmasse com alguma mágoa que «poderia ter feito mais!». Aquela a quem alguns chamam «Mãe dos Judeus», faleceu a 13 de Maio do ano corrente.

quarta-feira, julho 02, 2008

Clarificação de erro cometido no artigo anterior Familia Nuclear Radioactiva

Embora não seja apologista do exercício do «diz que não disse» talvez seja melhor clarificar as minhas palavras no último parágrafo do artigo Familia Nuclear é Radioactiva, na medida em que terá dado a entender algo que eu não quis dizer, ferindo a sensibilidade de alguns leitores. Em primeiro lugar o mal entendido deve-se a um erro meu. Um erro grave em alguém que preza por escrever com a razão e não com o coração, sobretudo quando se tratam de temas sensíveis como o do artigo anterior. Esse erro é o da generalização emocional. Quando afirmei que só uma ideia de familia fragmentada e sem base moral sólida pode dar suporte ético às ideias defendidas pelos novos idealistas das jotas, queria referir apenas as ideias sobre o desprezo pela família, reflectidas no cartaz medonho que diz «Familia Nuclear é Radioactiva». Em nenhum momento me referi às famílias constituídas por homossexuais e, se o dei a entender peço desculpa. Derivou portanto de uma frase mal escrita e de uma generalização.

Obrigado.

terça-feira, julho 01, 2008

Familia Nuclear Radioactiva



Parece que a JS vai eleger um novo secretário-geral. As propostas são sempre as mesmas, sempre «modernas» e fracturantes. Espero que se compreenda porque coloquei «modernas» entre aspas. Casamento homossexual, adopção por casais 'gay' ou o reconhecimento da mudança de sexo na lei portuguesa, são as três mais importantes reivindicações desta juventude iluminada que, não sei com que consequências ou se bem ou para mal, será o futuro político do nosso país.

A questão é que a juventude, seja ela socialista, comunista, bloco-esquerdista, precisa de causas. Causas porque lutar, ideias que justifiquem a confrontação do passado. Freud dizia e muito bem, que «herói é aquele que confronta a autoridade paterna e vence». Há muita energia e criatividade latente e à espera de encontrar saidas. E enquanto há causas porque lutar, há escapes saudáveis para toda essa adrenalina.

O que, sinceramente me causa alguma comichão, é quando tais lutas ou «ideais» pseudo-modernistas põe em causa a familia. Noutros tempos, tempos de jacobinices e quando todas as instituições eram postas em causa, também a familia se viu perante as baterias destes pseudo-intelectuais. Na medida em que a Igreja era o pilar que consagrava os casamentos, consagrava e abençoava as uniões, também a familia era posta em causa. A familia era vista como uma instituição burguesa, e por alguma razão o regime comunista se outorgou o direito de submetê-la ao poder totalizante do Estado.

Claro que, só uma ideia de familia fragmentada e sem base moral sólida pode dar suporte ético às ideias defendidas pelos novos idealistas das jotas. Basta ler um dos cartazes da foto que diz «Familia Nuclear é Radioactiva». Não consigo deixar de pensar que estes meninos não sabem o que é viver em familias fragmentadas, e nunca sentiram na pele o que o desenraizamento pode fazer a um ser humano. A familia é importante porque cria bases de apoio, conforto e sentido de integração a um ser humano. A familia é tudo. Acredito que um dia que forem pais, vão entender isto.