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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Pen-sementes




A amizade é a melhor coisa do mundo porque responde à necessidade humana de reconhecimento, partilha e compreensão.

O caminho para a complexidade só serve se for o caminho para a simplicidade.

A política não existe para subjugar, mas para servir.

Amar é seguir o caminho mais curto entre o eu e o outro. Por vezes só a distância o permite.

A verdade é inatingível; o mistério está em saber que existe; a procura começa sabendo que nunca lá se chegará.

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sexta-feira, dezembro 14, 2007

Cimeira a preto e branco



Lisboa foi o palco da Cimeira Europa África e se habitualmente é já uma cidade agitada, nos três dias do evento tornou-se febril. Por mais que Sócrates e Amado falem numa «agenda», a todos esta «agenda» permanece um mistério em que é posta em questão a qualidade do sumo que a laranja do encontro vai espremer.

Apesar de tudo a presidência portuguesa cumpriu. Se Portugal demonstrou ser apenas um menino bem comportado, ou se pelo contrário mostrou ter personalidade e ideias próprias não sabemos bem. Mas cumpriu. É claro que a presidência portuguesa não faz nem fará quaisquer milagres até porque forças maiores e bem mais poderosas nas decisões que a África e ao mundo concernem se mantiveram a bem dizer, na sombra. Claro que se trata de uma cimeira «Europa-África», mas seria muito interessante termos os EUA, a China, e já agora a eurocéptica e birrenta Inglaterra sentados à mesa do diálogo. Por mais boa vontade que a Europa no seu conjunto possa ter em relação ao continente africano, são os EUA e a China os maiores actores do panorama económico deste continente. São os maiores interessados nos recursos imensos deste grande continente (nomeadamente no petróleo, recurso sine qua non) como tal politicamente, estão lá - ainda que subliminarmente - nos conflitos mais ou menos pequenos que vão existindo no Darfur e na Etiópia, só para citar dois casos. Claro que a Europa nomeadamente a França, Portugal, e (por mais que lhes doa) a Inglaterra, são parte do problema actual do continente mãe. Séculos de colonização, de escravidão, de cortes e costuras no tecido territorial africano pagam-se caro nos dias de hoje. A venda de armas, os apoios convenientes a esta ou aquela etnia, tornaram África num tabuleiro de xadrez desequilibrado. Isto porque antes dos ocidentais se terem servido a seu bel-prazer cada um com a sua fatia do grande bolo de África, já existiam tribos estabelecidas, equilíbrios naturais que os indígenas haviam construído há séculos. Nós ocidentais fornecemos o mote para o desequilíbrio deste status quo secular. Quem mais paga esta factura são os próprios africanos. Cada país colonizador, para seu bem e do bem dos países que colonizou tem de assumir responsabilidades rapidamente. Com isto não quero dizer que os indígenas do continente africano não pensem por si, ou sequer sejam inimputáveis. Grande parte dos líderes de libertação era até bastante culto, informado, e sabia bem o que pretendiam quando apelaram à revolução armada nos seus países. Mas o povo saberia? Que responsabilidade terá Portugal em, só como exemplo, ter proibido que a maioria dos negros dos países que colonizou concluíssem os estudos para além da 4º classe, quando muito? Manter os povos na ignorância torna-os inevitavelmente manipuláveis. E se havia uma ânsia de libertação e independência já enraizada e interiorizada, é consequente que qualquer discurso político que tivesse como mote o «povo unido», ou «pão para todos», ou até «revolução armada» teria uma adesão indígena maciça. Parece-me neste aspecto que a Rússia (ex-URSS) claramente também deve explicações pela propaganda comunista e apoio logístico oferecido aos partidos de libertação. A responsabilidade está dividida por todos. Seria bom que cada um a assumisse. A tradicional divisão bons/maus não existe no caso africano.