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terça-feira, junho 27, 2006

Grandeza de um homem

O homem grande não é aquele que se faz grande. Não é aquele cujo estatuto de grandeza é sancionado e institucionalizado pela sociedade em que vive. No máximo esse homem tem fama, não grandeza.

O homem grande não é aquele que tem muito, principalmente quando o Ter o impede de Ser, e o faz levantar muros entre si e os seus irmãos.

O homem grande não é aquele que conquista terras, ou vence batalhas de espada em punho. O homem grande não faz nada com vista ao prazer ou glória imediatos, e muito menos pretende que o exaltem em praça a publica como um grande líder ou um homem poderoso.

O homem grande é paciente, por isso não corta o que pode ser desatado. O homem grande não desanima mesmo na noite mais escura, porque mesmo nas trevas sabe que não está só.

O homem grande sabe que nada sabe, porque a única sabedoria que procura é saber aprender.

O homem grande admite que tem medo, mas raramente permite que este lhe tolha os movimentos. Pelo contrario, é corajoso, não porque não tenha medo, mas porque assumindo o medo ultrapassa-o. O homem grande ao assumir a sua infinita humanidade, assume as suas infinitas limitações. Ao assumir-se nada, é tudo.

O homem grande é como um barco, cujo abundante lastro o mantém firme à superfície das àguas mesmo durante a maior das tempestades.

O homem grande sabe perseverar num caminho até ao fim, mas sabe também desistir dele se o entender necessário, ainda que pareça tarde.

O homem grande sabe que toda a sua vida é uma demanda em busca de si mesmo.

O homem grande sabe ser prudente, mas conhece bem o poder da loucura.

O homem grande ama o Mistério; sabendo-o infinitamente infinito sabe procurá-lo. O homem grande abomina o dogma e a lei que cristalizam fora de si mesmo, pois para ele toda a lei é dinâmica e tendente à liberdade mais plena.

O homem grande não espera que seja o mundo a mudar; muda ele primeiro.

O homem grande não se acorrenta a si mesmo.

O homem grande nada satisfeito no oceano pleno da sua liberdade.

O homem grande entrega-se sempre de corpo e alma; mas a alma nunca a perde.

O homem grande sabe onde está a riqueza verdadeira. Por isso está disposto a abdicar de si mesmo para a encontrar.

O homem grande exercita-se constantemente no amor verdadeiro; por isso ama o irmão na sua liberdade.

O homem grande exercita-se constantemente no ser criança. Por isso procura a companhia das crianças e aprende com elas.

O homem grande exercita-se constantemente no ser velho. Por isso procura a companhia dos idosos e aprende com eles.

O homem grande sabe viver por uma causa, mas sabe também morrer por ela.

terça-feira, junho 20, 2006

Mais do mesmo...

Cada dia que passa se ouvem mais e mais protestos dos professores, e cada vez mais e mais justificações mal justificadas para medidas educativas que são cuspidas para a opinião pública sem uma coerência aparente, nem algo que faça adivinhar um plano orientador para a acção governativa na área da educação.

Parece que, cada vez mais o problema fundamental da educação tem a haver com questões de pessoal e de logística que, a meu ver, se confundem tantas vezes com questões financeiras de redução da função pública, a maldita questão dos supranumerários, entre outras questões que parecem ocultar como único plano de fundo a poupança, e a sustentabilidade da segurança social. Na confusão dos discursos sobra apenas tempo para discussões que nada concernem ao que de facto me parece o maior problema do sistema de ensino português – o próprio sistema de ensino! De facto não me parece que alguém consiga mergulhar sob o mar de problemas e de remendos sobre os quais caminha infelizmente toda a polémica, por onde o barco do governo continua a abrir caminho embora muitas vezes aos círculos e de marcha a ré.

A pergunta que devemos fazer desde logo, e a única que de facto nos servirá de hipótese de trabalho é a seguinte: está o sistema de ensino, em todas as suas dimensões e âmbitos, realmente preparado para formar o indivíduo em todas as suas vertentes de cidadão, ser humano, autónomo, livre, responsável, aberto ao mundo?

A partir desta questão simples e básica, devemos nós construir desde os alicerces um sistema dito ideal, e deitar por terra todos os defeitos que por ventura observemos no sistema que hoje temos. Devemos só como exemplo questionarmo-nos sobre o conceito de pessoa, ou indivíduo sobre o qual se baseia o sistema de hoje, e o conceito de pessoa do sistema que desejamos. Como sabemos, a questão do individuo acarreta consigo toda uma panóplia de predicados fundamentais como o ser livre, ser autónomo, que fazem parte do conceito de pessoa e que, na questão da aprendizagem e/ou ensino são fundamentais para entendermos o porquê de certos problemas de hoje, e como podemos resolvê-los amanhã.

Devemos também pôr a tónica na sociedade de hoje, pois o ensino tende a ser mais tarde ou mais cedo o reflexo da sociedade que o tutela, dos seus objectivos, propósitos, contextos culturais. A sociedade tende a formar para seu uso corrente, se assim posso dizer, um conceito de pessoa que tende a ser mais ou menos útil à própria sociedade onde o indivíduo se insere. Vejamos o exemplo do socialismo e do indivíduo como colectividade, ou o capitalismo e o indivíduo como ser livre, consumidor e produto.

Assim, como é a sociedade de hoje? Qual o conceito de pessoa de hoje? Qual o conceito de individuo de amanhã, para que se crie a sociedade de amanhã? De que modo a educação se deve portar perante um novo conceito de indivíduo, e de sociedade?

Responda-se a estas questões e muitos problemas se resolverão.

sexta-feira, junho 09, 2006

Cenáculo de parabéns!!!



É verdade!

Passou um ano desde que pela primeira vez postei a minha reflexão inaugural! Desde então este blog tem sido o depositário de muitas das minhas reflexões, embora continue a ser a ponta do iceberg!

É um dia importante para o Mundo! Não, a Margarida Rebelo Pinto continua a escrever livros, não é isso!

Dêm-lhe os parabéns deixando um comentário. Serão postados no próprio blog!

Como dizia o Pessoa, o melhor do mundo são as danças, as crianças... e o meu blog!

Abraço a todos!!

domingo, junho 04, 2006

O melhor do mundo

Porque as crianças são de facto melhor do mundo, vale a pena que nos lembremos delas todos os dias da nossa vida como verdadeiros arautos de liberdade, de porvir, de pura esperança.

O dia 1 de Junho deve apenas servir para nos fazer reflectir seriamente sobre o estado do mundo no que concerne ao valor que se dá à criança, e às condições que este mesmo mundo apresenta para este ser magnifico se desenvolver em toda a sua plenitude, enquanto nos ensina o valor do olhar surpreendido, do porquê recorrente, do sentimento puro e sem interesse. Nos dias que correm, ser criança é um risco imenso. Só aqueles que logram sobreviverem à fome, à guerra, aos maus-tratos, à exploração; só aqueles que podem usufruir de educação, de uma família, de amor, e tem também a sorte de poder crescer em todas as dimensões sem os entraves sempre redutores dos adultos e da sociedade sempre militarizada - quanto mais não seja por exigir competição ao invés da cooperação -, serão os poetas, os condutores de nações, os santos, como tão bem nos ensinou Agostinho da Silva.

São imensas as situações no mundo de hoje que comprovam como ainda estamos longe de poder dar as nossas crianças um mundo de plenas possibilidades. Nas montanha
s de Timor, 500.000 refugiados lutam por sobreviver as terríveis condições em que se encontram por culpa de um major caprichoso sem amor pelo seu país nem pelo povo que o criou. No Sri Lanka as crianças que vivem nas zonas mais afectadas pelo tsunami estão agora também subjugadas por confrontos no país. No Corno de África, há 40.000 crianças filhas de pastores nómadas que sofrem de má nutrição. A UNICEF afirmou hoje que apesar das chuvas torrenciais de Abril, dezenas de milhares de crianças que dependem da pastorícia ainda correm risco de vida. Poderia continuar a enumerar as muitas formas de atentar contra a vida da criança, desde a prostituição, o tráfico, o trabalho infantil.

Vale a pena dar uma vista de olhos ao site da UNICEF.