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quinta-feira, junho 25, 2009

PSD em coma - parte II



É cada vez mais óbvia a desorientação ideológica do PSD. A entrevista de hoje com Manuela Ferreira Leite acentuou a sensação que eu já tinha de falta de ideias, de rumos e sentido. Ferreira Leite não conseguiu, em nenhum momento da entrevista, ser objectiva e concreta. Não concretizou ideias, não apresentou soluções, limitando-se a afirmar que existem «outras fórmulas para agir», ou «que o caminho é errado», aliás como vem fazendo desde sempre. Quando foi questionada se estaria ou não de acordo com a nacionalização do BPN, o silêncio que sucedeu a sua meia-resposta foi constrangedor, e soou a incompleto. Se eu fosse a entrevistadora perguntaria objectivamente «que soluções? Que alternativas? O que faria de forma diferente se de facto fosse governo?» Já não falo dos «TVG´s», porque afinal a senhora estava bastante nervosa e todos erramos sob pressão (ou quase todos). A sensação que dá é a de que a líder do PSD vai tendo umas ideias avulsas, umas noções disto e daquilo, mas nada de verdadeiramente consistente que se possa dizer que constitua um projecto, ou um plano de acção para a governação de um país. Fica a sensação de que a oposição (ou a tentativa de oposição) posta em prática pelo PSD é levada a cabo quase como uma obrigação pela estatuto de «maior partido da oposição». Não basta de todo enunciar o perigo do endividamento crescente, ou a necessidade de se reformular a política de obras públicas, por mais bem intencionados e pertinentes que sejam tais enunciados. Fica sempre o vazio da alternativa. Soa sempre a forçado e a falso. O PSD de hoje é uma sombra fugaz do que foi com Sá Carneiro ou com Cavaco, e não vale a pena vir com o argumento de que «ganhámos as europeias!». Não sei verdadeiramente se foi o PSD que ganhou as europeias, ou se foi o PS que as perdeu, ou até se foi a abstenção a grande vencedora. A tal muito reverberada «politica de verdade» tem de ter conteúdo, e não apenas forma. Não basta adjectivar de «escandaloso», «inaceitável», «impensável», é preciso apresentar objectivamente aquilo que será o contrário do escandaloso, o realmente aceitável, e o pensável.

É preciso poder de decisão e de inovação. O PSD não pode apresentar-se como uma partido de paliativos, ou de caminhos batidos. A vocação original de um PSD é a de partido reformador e progressista, voltado para a liberdade económica conduzida em paralelo com o progresso social nas vertentes económica, cultural, educativa, humana e social. O homem é o «princípio e a meta», não o meio. Foi o próprio fundador do partido que o disse, não eu.

O partido deve definir-se, perante si mesmo e perante os eleitores. Que ideias tem para a educação, para a saúde, para economia, para a superação da crise financeira. Contudo, a seguir a uma crítica, tem de vir a medida alternativa, e a seguir à medida alternativa tem de vir a explicação fundamentada para a aplicação dessa medida. Se se disser apenas que se pretende, por exemplo, privatizar um determinado sector da economia, é útil explicar as causas e os efeitos, e sobretudo o contexto em que se insere tal privatização, com o prejuízo de, caso não exista esse esforço pedagógico, a medida soe demasiado «ideológica» e não seja verdadeiramente fértil e acessível ao entendimento dos mais diversos sectores da sociedade. É assim que se fazem reformas, com pedagogia (sem esquecer obviamente a humildade).

E muito gostaria de deixar aqui algumas ideias minhas para a governação de um país sob a égide de um governo social-democrata, mas ficará para uma próxima.

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