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segunda-feira, maio 26, 2008

Phoenix renasce das Cinzas - sonda aterra em solo marciano sem problemas

Hoje (2ª feira dia 26 de Maio) pelas 00h54, o Centro de Controlo da NASA de Pasadena (Califórnia), recebe a confirmação via rádio da suave aterragem da sonda Phoenix em solo marciano. Depois de entrar na atmosfera de Marte a sonda atingiu a velocidade de 21 mil Km/h (5.83km por segundo) e durante 7 minutos correu sérios riscos de desintegração.

Foi um momento histórico. Desde o sucesso da sonda Pathfinder em 1996 que a NASA não conseguia fazer pousar um aparelho em solo marciano. Portanto, 12 anos depois o sucesso repete-se. E desta vez com uma ajudinha particular da ESA.
Foto da paisagem marciana tirada em 1996

A missão Phoenix procura complementar os dados obtidos em 1996. Porém, a zona de amostra é ligeiramente diferente. Desta vez a sonda aterrou em plena calota polar de Marte, onde se sabe que existe água no estado sólido. Visto que os gelos na calota de Marte são eternos ou perenes, é possível que a análise em profundidade deste mesmo gelo revele características por exemplo, da composição da atmosfera de Marte há 10 mil anos. Permite também perceber se em algum momento terão existido compostos ou moléculas de Carbono, Metano, Hidrogénio, compostos esses prenunciadores de vida.

A sonda Phoenix terá uma vida útil de 90 dias. Mas há semelhança da sonda Pathfinder que continuou a produzir dados mesmo depois de expirada a vida útil, o mesmo poderá acontecer com a Phoenix.

Para ver a notícia e o vídeo da aterragem, clique aqui.

quinta-feira, maio 22, 2008

Era uma vez na China...



Perante imagens deste tipo, todas as diferenças se dissolvem para dar lugar à compaixão perante a miséria humana, que não tem fronteiras. O sismo de 12 de Maio na China, cujo epicentro foi Sichuan, matou pelo menos 80 mil pessoas, sem falar nos muitos milhares que continuam desaparecidos, e em 5 milhões (metade do total de população de Portugal continental) que ficaram sem casa.

Nem o desenvolvimento económico exponencial da super-potência que é a China de hoje a salvou de tamanho desastre. É verdade que a assistência às vítimas foi exemplar, ao nível de qualquer democracia ocidental e até em muitos aspectos superior. De notar que aquando da destruição provocada pelo furacão Katrina nos EUA, o governo Bush mostrou imensas dificuldades em lidar com a situação e em apoiar as vítimas. Os chineses têm uma noção de comunidade e entreajuda que vem dos tempos de Confúcio. Ali nada faltou às vítimas, senão um excesso de zelo por parte das equipas de salvamento em terminar as buscas em edifícios em risco de se desmoronarem, mesmo sabendo que ainda haveriam pessoas vivas nos escombros, e perante o desespero absolutamente inquietante e assustador dos familiares que assistiam a tudo.

Esta criança tinha um futuro que morreu sob o peso do cimento e do betão armado. Faz pensar. E é isso mesmo que podemos fazer por eles: pensar e ganhar respeito pela natureza. A distância física, o rum rum dos telejornais que de tão rotineiro já nada nos diz, tudo isto e mais a preocupação crónica com o nosso próprio umbigo não nos devem fazer esquecer que, de vez em quando há quem sofra na medida do excruciantemente sobre-humano, e tanto nós como aqueles que nós gostamos podem de um momento para o outro ser subtraídos da nossa vida, como velas que se apagam sem anunciarem, para nos darmos conta que, sem elas vivemos às escuras.

terça-feira, maio 20, 2008

E-mail de Pedro Passos Coelho acerca do Acordo Ortográfico

Acedi ontem ao site de campanhã de Pedro Passos Coelho, e porque aprecio este candidato pela sua juventude e inteligência, enviei-lhe um mail para saber qual a sua opinião acerca da questão do acordo ortográfico. Mostrou a sua simpatia e atenção ao responder hoje mesmo. Fiquei contente por saber que ele partilha da visão de que o acordo é errado. Se eu fosse militante do PSD concerteza votaria nele. Um dia que se candidate a primeiro-ministro terá o meu voto. Fica a transcrição.

Caro Ruben Azevedo

Já tenho afirmado, em resposta a essa questão colocada por jornalistas, que o acordo que Portugal assinou há vários anos atrás (porque tal acordo já foi assinado) não representa nenhum benefício para a língua e cultura portuguesa, pelo que não traria qualquer prejuízo que não entrasse em vigor. De resto, não vejo qualquer problema em que o português escrito possa ter grafias um pouco diferentes conforme seja de origem portuguesa ou brasileira. Antes pelo contrário, ajuda a mostrar a diversidade das expressões e acentua os factores de diferenciação que nos distinguem realmente e que reforçam a nossa identidade. Aliás, considero míope a visão de que o mercado brasileiro de cultura passará a estar aberto aos autores portugueses em razão da homogeneidade da grafia, pois que o interesse desse mercado pela nossa produção só pode depender do real interesse pelas nossas especificidades e aí a suposta barreira do grafismo não chega a ser uma barreira, pode ser um factor de distinção que acentua o interesse pela diferença.



Com os melhores cumprimentos



Pedro Passos Coelho

segunda-feira, maio 19, 2008

Texto escrito segundo Acordo Ortográfico

Pela primeira vez na minha vida escrevo segundo o acordo ortografico. Primeira, e espero bem que ultima. Pergunto-me se as pessoas se conseguirao abituar a tamanha pobreza de estilo, mas tambem sei que muita gente nao tera dificuldade, porque afinal nunca soube bem colocar os acentos, ou o h em palavras como «há» do verbo aver. O novo acordo, como podem constatar neste texto experimental, nao tem acentos graves nem exdruxulos, nem tils. Gostaria de saber o que tem os iluminados criadores deste acordo a dizer em relaçao ao acento no i... talvez um dia tambem desapareça. Seria otimo que nos explicassem o que fazer e como fazer o upgrade dos nossos offices caseiros, visto que se este texto estiver a ser escrito no word ficara pejado de traços vermelhos a decora-lo. Reconhera erro atras de erro. Sobretudo se eu disser que o inverno sera umido, e o verao seco. Ou que os ipopotamos sao animais extremamente ativos e que vivem no Egito. Sinceramente começo a estressar com esta forma de escrever, e de igual forma estao os que lem este texto........

quinta-feira, maio 15, 2008

O melhor é NÃO ESQUECER

Porque esquecer é perigoso.
Porque o homem é o lobo de si mesmo.
Porque nos dias de hoje há já quem diga de boca cheia contra todos os factos e provas que o Holocausto nunca existiu.
Porque todos nós temos um monstro ou um deus dentro de nós, e devemos perceber quando caminhamos para um ou para outro.
Porque é possível à razão humana servir o ódio, e não o amor.
Porque o fanatismo destrói quando o bom senso se ausenta.









Porque isto foi possivel.
O melhor mesmo talvez seja NÃO ESQUECER!

sábado, maio 10, 2008

Mais importante que viver é SABER VIVER


Ser homem implica saber viver, e saber viver implica saber ser livre. Ser livre implica saber ser digno, saber pensar, saber ouvir, saber ajudar, saber amar, saber mais e melhor sobre tudo. Ser homem implica dar valor a esta dádiva chamada vida. Saber que há coisas belas para ver, ser e fazer. Saber o que é importante na vida, e o que é acessório. Saber que, quem está connosco nesta aventura luta tanto como nós para ser o melhor que pode, mas está sem dúvida tão desorientado como nós próprios.

Temos de tentar ser o melhor que podemos. Temos de perceber que os conflitos escondem dores e fraquezas, e que saber cooperar é o que nos leva para a frente. Não há uma receita para Viver. Poderá haver um Finalidade última para estarmos vivos, algo que se confunde com a Finalidade do próprio universo. Poderá haver, mas ninguém a conhece, embora parece que há quem tenha andado muito perto. De qualquer forma temos de fazer o nosso próprio caminho, embora haja estradas determinadas que nos podem ajudar a chegar. Mas os pés são nossos, e somos nós quem tem de decidir se quer ou não andar por elas. Viver é um compromisso. Devemos saber cumpri-lo.

É tudo tão difícil, mas também ninguém disse que isto ia ser fácil. Viver implica imenso sofrimento, mas também muita alegria. Temos de aceitar o sofrimento como meio para nos tornar melhores, aprender sempre com os escolhos da vida. Porém aceitar o sofrimento não significa resignação perante os problemas. Aceitar o sofrimento é também aceitar as dores da luta. E se há algo porque valha a pena lutar é pela Justiça. Se há algo porque valha a pena aprender é pela Liberdade.
Viver é ter ideias. Ter ideias e ideais. É agir sempre para a frente, em direcção a projectos, moldar a nossa acção presente segundo futuros imaginados, ou segundo abstracções que tomamos como fixos nas nossas vidas. Porque ser homem não é apenas sê-lo, aqui e agora. Ser homem é continuamente superar-se, ultrapassar os seus limites próprios pelo simples facto de se acreditar em algo. O ser humano está sempre com um pé no presente e outro no futuro; com uma mão na terra e outra no céu. Sempre.

Vale a pena viver quando se vive com a alegria. Tudo é mais fácil, mais suportável quando se sabe ser alegre. Alegre nas pequenas coisas, nos pequenos momentos, e também nos grandes. A alegria é um bálsamo porque aproxima as pessoas. Aproxima e apela à autenticidade de todos. É tudo mais fácil e verdadeiro quando as pessoas são genuínas.

Dar valor ao que se tem quando se é feliz. Se se é infeliz rejubile-se com a felicidade dos amigos (e porque não dos inimigos?). Eles devem ser felizes por todos.

Viver é tudo isto e infinitamente mais. Não há receitas, e tudo isto que está escrito mais não são do que palavras. A experiência é a mais importante das mestras. Aos inteligentes é dado a perceber; aos experientes é dado compreender.

quarta-feira, maio 07, 2008

2009 - PS, PSD, BE, PCP e o terramoto anunciado



8 pessoas tiveram a amabilidade de votar no inquérito sobre a governação que introduzi no blog. Quero acreditar que houve uma substancial abstenção, por um lado porque existe um crescente desinteresse pela política, por outro porque mesmo no espectro de quem se interessa existe quem tenha uma visão muito pessimista do nosso panorama político e dos seus principais protagonistas.

De qualquer forma nesta pequeníssima e nada representativa amostra, foi o PSD que obteve mais votos. Não sei que PSD estava presente na mente de quem votou, se o de Menezes, se o da futura líder Manuela Ferreira Leite (espero estar enganado).

Em 2009 vamos ter um triste cenário. Triste para os protagonistas, triste para o país. O PS vai ganhar, porém com curta margem em relação ao PSD que vai roubar muitos votos ao PS, não porque as pessoas o vejam como alternativa possível, mas porque acreditam na história do mal menor. Só que todos sabemos que na presença de uma oposição de largo espectro e irresponsável, um partido sem maioria absoluta está condenado a abortar de cada vez que queira parir seja o que for. Fica paralisado. O PCP e o BE, em fase de crescimento nas sondagens, vão sentir-se com força para se porém em bicos de pés e forçar uma coligação com Sócrates. Sócrates no seu orgulho vai ruminar, vai torcer-se todo e quem sabe, engolidos os sapos necessários, lá vai aceitar um acordo com o BE. O BE, desesperado para chegar ao poder lá vai aceitar as condições do PS e agarrar um ministério qualquer que caia da mesa. O PS vai saber negociar muito bem a coisa. O BE vai se ver apertado para negociar porque do outro lado da porta, na sala de espera está o PCP que estará pronto a entrar se o BE não se mostrar disponível ou não quiser negociar. Os primeiros tempos de formação de governo vão ser muito difíceis e caóticos. Inevitavelmente o PS terá que governar mais à «esquerda», mesmo que isso signifique a ruína financeira e política do nosso país.
Era ainda assim preferível que o PS fizesse uma coligação por exemplo, com o PSD. De certeza lhe seria dada mais margem de manobra, mas não me parece que o orgulho de ambas as forças políticas permita tal cedência e mistura que nas mentes de algumas mentes tacanhas é tão condenável como o incesto.
Se vamos pela história do mal menor, então é bem mais preferível que o PS se mantenha no poder, e com maioria. O país não precisa de mais instabilidade, e sempre temos um PR que nos bastidores, vai mantendo o leme seguro para não permitir derivas. É nisto que as pessoas têm de acreditar. Entretanto, surgem outros partidos, outros movimentos de cidadãos que prometem ser o futuro do panorama político nacional. São estes que devagar vão ter que fazer o seu caminho e ganhar a confiança daqueles que acreditam no futuro, na modernidade, no desenvolvimento pleno, social, cultural, diria até espiritual da sociedade. A nova consciência política tem de pôr de parte esse anacronismo que é a oposição esquerda/direita, tem de deitar por terra a ideia de classes, de lutas e conflitos entre planos de sociedade. Hoje o que se pede é sobretudo o apelo à responsabilidade individual e colectiva. É o apelo à colaboração entre as pessoas na sociedade, nas empresas, na vida. Colaboração, não conflito. Solidariedade não significa assistencialismo, mas espírito de entreajuda entre os vários componentes da nossa sociedade. Porque hoje não existe nenhuma oposição ou contradição marxista entre classes. Hoje existe uma sociedade global que deve em conjunto contribuir para a mudança que se espera, e só a formação e a cultura podem dar os instrumentos necessários para que esta nova consciência tome forma.

sexta-feira, maio 02, 2008

O Segredo - indústria da mentira



Na semana passada, na Fnac de Santa Catarina assisti a uma cena que não só me deixou perplexo como me pareceu paradigmática do estado de coisas a que este país chegou em termos culturais.

Estava eu sentado numa das poltronas a ler um livro sobre a Segunda Grande Guerra, quando subitamente uma senhora que por ali passava decidiu chamar uma das funcionárias da Fnac. Perguntou-lhe a senhora se o livro de que muita gente fala intitulado O Segredo estaria à venda. Até aí tudo bem. A funcionária solicitamente foi buscar o livro e entregou-o à dita senhora. A dita senhora olhou para o livro, começou lentamente a folheá-lo com a nula prática de quem só quando o rei faz anos lê um livro e prefere deleitar-se com revistas da moda (e isto é apenas conjectura minha). Subitamente a dita senhora pergunta com o ar mais ingénuo do mundo: Diga-me uma coisa, e isto enriquece-nos mesmo?. Desejei verdadeiramente estar na pele da funcionária e ter a oportunidade de afastar daquela mente obscurecida toda e qualquer veleidade de superstição. No entanto, esta apenas respondeu: depende, há pessoas que dizem que sim e até compram os livros relacionados…Fiquei de facto estupefacto. As pessoas no seu íntimo continuam à procura de respostas absolutas e fáceis, tipo receituários para as dificuldades das suas vidas. Vivemos numa época que deveria ser de luz, de um novo Aufklarung, mas a verdade é que o acesso à informação global não garante de modo nenhum a formação que seria de esperar. Descontentes com o Deus dos seus antepassados, os homens constroem para si mesmos bezerros de ouro. A ignorância existe, persiste, e desvela uma idade média latente na sociedade de todos os dias.

Sim, é verdade que hoje vivemos uma certa idade média que resulta do apelo instituído na sociedade ao imediato, ao descartável, ao lucro, ao momento fugaz. A economia impõe que sejamos antes de mais nada bons consumidores, mesmo que para isso tenhamos de manter massas e massas de gente na ignorância pura e simples. Vender bem implica fazer crer, e é tão mais fácil fazer crer quando o objecto do que queremos vender é facilmente manipulável.

Tal senhora provavelmente nunca leu um clássico da literatura, nunca leu um Umberto Eco, nunca leu um Milan Kundera, nunca leu na verdade nada que de facto tivesse algum interesse. Aquilo que pensa é aquilo que a sociedade quer que pense. Aquilo que os outros dizem é a opinião a que adere, e para tal não precisa de grande esforço. Não consegue perceber que infelizmente até a literatura está nos dias de hoje sujeita às leis de mercado, e que maior mercado pode haver que o da fraqueza humana? Que mais pode vender do que a receita para a felicidade, para o fim do sofrimento, para a riqueza material?

É esta gente verdadeiramente livre?