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domingo, outubro 26, 2008

W, de Oliver Stone




O filme de Oliver Stone, W, que estreou nos cinemas portugueses a 23 de Outubro, é uma interpretação muito curiosa e paradigmática de uma liderança com boas intenções, mas que perante a ignorância e obtusidade de um líder, termina por fazer mais mal que bem. Josh Brolin é o actor que dá vida à personagem cheia de trejeitos sulistas e rica em gaffes de George W Bush, o ainda presidente dos EUA. Desde a vida boémia aos bastidores truculentos e quase conspirativos de Washington e da sua administração, Stone pinta um retrato de um homem renascido, ex-alcoólico que se virou para Deus, e crente de que este lhe confiou uma missão divina.

De notar a excelente perspectiva dos bastidores que conduziram Bush à guerra no Iraque. Passa a ideia de que Bush junior agiu como filho frustrado, ávido de vontade em provar o seu valor ao pai (George Bush) que sempre o preteriu ao filho Jed, e o epitetou de falhado desde os seus tempos de juventude. Bush junior queria ir mais longe, terminar o que o pai não foi capaz de terminar, decidir onde o seu pai hesitou. Claro que esta predisposição quase freudiana foi terreno fértil para as inevitaveis pressões do poder, protagonizadas pelo seu ambicioso vice-presidente Dick Cheney e por Rumself, homem de acção e pouca profundidade. De notar a constante desinformação por parte dos seus próximos em relação ás hipotéticas armas de destruição, e o constante «passar da batata quente» entre os mesmos responsáveis quando as tais armas de destruição massiça se revelaram um logro. De notar a obtusidade de um homem como Bush, avesso a pensamentos profundos e dado a agir segundo o instinto do momento (guts). A necessidade de instaurar um império capaz de controlar o petróleo mundial, império incompleto sem o dominio absoluto das jazigas de petróleo iraquiano, um quarto de todas reservas de ouro negro do mundo. Plano este revelado por Cheney, e que pelos vistos existia desde os anos 90. De notar a oposição inicial de Colin Powel ao plano de invasão e a sua perspectiva racional, na tentativa de perceber o porquê de tanta pressa em invadir um país soberano sem provas conclusivas e coerentes da ligação de Saddam à Al-Qaeda. Bush acreditava ser o homem certo para «libertar todo o médio oriente». Na sua ignorância (e nisto não estava só) julgava que um Iraque democrata seria exemplo e motivação para todas os povos do médio oriente sedentos de liberdade (teria ele pensado nos palestinianos?), e que a democracia se propagaria como o pólen das flores. Nunca se teve em conta a questão étnica, as divisões latentes fragilmente mantidas á custa do terror de Saddam. Divisões essas responsáveis pelo pântano que é hoje o Iraque. Nunca se teve em conta o erro de usar a violência para acabar com a violência. Curioso também é o papel atribuido a Karl Rove, homem forte e de confiança de W. Bush, desde a sua candidatura a Governador do Texas. Rove foi capaz de, a pedido do próprio Bush, limar as muitas arestas que faltava limar, tentando transformar um homem ignorante do Texas - a quem não só faltava o dom da palavra como se tornava perigoso fazer uso dela – no homem mais poderoso do mundo, mas também no mais solitário.

Goste-se ou não de Bush vale a pena ir ver o filme, sobretudo para que se possa entender melhor como funcionam as tramas politicas que conduzem o mundo, e como é dificil ao homem mais poderoso do planeta conciliar todos os interesses e ser capaz de, sobre pressão, tomar as mais importantes e influentes decisões do mundo. Em época de eleições nos EUA, do filme pode-se perceber pelo menos como não agir, e como é importante que a posição de presidente da nação mais influente do mundo esteja a entregue a alguém de inteligência superior, cultura profunda, responsabilidade e visão abrangente. Neste filme Bush fica menos mal na fotografia que, por exemplo, Dick Cheney. Bem dizia Sócrates: a Ignorância é a mãe de todos os males.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Revolução a 4 de Novembro?




Estamos na prática a 3 semanas das mais disputadas e interessantes eleições do mundo. Dia 4 de Novembro saberemos se o novo inquilino da Casa Branca será o conservador McCain, ou o democrata e liberal Obama.

Como sempre, cada eleição norte-americana é terreno fértil para várias indústrias, sobretudo as do marketing. Movem milhões de dólares, dinheiro que acaba por não ser totalmente desperdiçado na medida em que há muito empregos em jogo – ainda que temporários - e empresas que recebem um novo fôlego.

Para mim, a grande incógnita não está na personalidade do novo presidente. A minha pergunta é se o novo presidente será capaz de ser mais do que um simples relações públicas dos lobbys que verdadeiramente, comandam a potência industrial, militar e política que são os EUA. Saberá o novo presidente bater o pé á CIA, ao FBI, aos lobbys petrolíferos e a quaisquer outras forças poderosas e sombrias, abrigadas nos bastidores? E se conseguir, o que impede que se torne um novo Kennedy cuja(s) bala(s) pôs(eram) fiz ao sonho da mudança? Será forte, ou será um peão? Terá conteúdo, ou será um pacote vazio de propaganda? Haverá de facto condições para uma mudança, ou o status quo é mais poderoso que o ceptro de um presidente?

O que é mais frustrante é que um candidato a presidente não possa (sob pena de perder votos) dizer aquilo que de facto pensa acerca dos assuntos que lhe são apresentados. Quando diz o que pensa, ele toma uma posição. Tomar uma posição é preterir outra, que por vezes vai contra a opinião geral do eleitorado. Os presidentes são-no frequentemente feitos de frases feitas. É assim que ganham eleições. O que são quando presidentes em exercício mostra frequentemente esta realidade.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Marcha Mundial pela Paz - Evento no Porto



No âmbito do Dia Mundial da Não Violência (proclamado a 2 de Outubro, data do nascimento de Mahatma Gandhi), o Centro de Culturas do Movimento Humanista realizou no sábado dia 6, no Porto, um evento particularmente bonito e interessante, que pretendeu divulgar a Marcha Mundial pela Paz e pela Não Violência, projecto a nível mundial organizado pela MSG (Mundo Sem Guerras). A Marcha Mundial pela Paz e pela Não Violência, tem como objectivo que em cada país, as mais variadas organizações ou grupos de cidadãos realizem as mais variadas actividades tendentes a consciencializar as populações e os agentes políticos para três pontos essenciais, vistos como prerrogativas para a Paz. São eles:

- O desaparecimento das armas nucleares, a redução progressiva e proporcional do armamento. A renúncia dos governos à guerra como meio de resolução de conflitos.

- Gerar uma consciência social mundial contrária a todo o tipo de violência (económica, física, psicológica, racial, religiosa, sexual).

- Recuperar o melhor das diversas culturas e povos da Terra.


Ora, como já vem sendo hábito, o Centro de Culturas do Movimento Humanista Português ouviu o apelo. A apresentação da Marcha Mundial teve lugar no Café Guarany pelas 15 horas, apesar de pouco tempo depois a sala se ter mostrado pequena para receber todos os curiosos que se foram juntando. Cerca de 50 pessoas estiveram presentes.
Para culminar, cerca de 50 voluntários prepararam e formaram um cordão humano em 3 pontos diferentes da cidade. Cada um dos voluntários segurava um guarda-chuva com uma letra inscrita, e no conjunto podia ler-se MARCHA MUNDIAL (PELA) PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA 2 OUT 09 - 2 JAN 10.

Ficam três fotos que ilustram bem o que se passou.







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