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quinta-feira, junho 12, 2008

Blog de Parabéns!!! - 3 anos e 116 posts depois



E foi assim que no dia 13 de Junho de 2005, dei inicio à aventura deste blog:

Reflexão inaugural

Pura e simplesmente escrever, eis o meu desejo. Tudo flui nesta vida, nestas horas que passam sem dar noticia de nada, neste tédio abrupto em que me encontro e que se me afigura eterno. Penso momentaneamente em qualquer coisa realmente produtiva e que no seu gérmen possua o espírito da eternidade. Tenho de estudar – é verdade! Leio um pouco sobre Antero, o realismo e o positivismo. Eis a Revolução a meus olhos, as grandes ideias, os grandes timoneiros das revolução que, pacientes e convictos nos puxam do lodo da nossa própria mediocridade... E morro de olhos fechados enquanto ouço Chopin.
Talvez a Humanidade nunca se tenha realmente apercebido do essencial. A mudança e a revolução são sonhos demasiado altos e abstractos. O que interessa de facto é viver...mas para quê? Leio Agostinho. Ele acredita fervorosamente no V império. E porquê? De que vale viver se não acreditarmos que o futuro nos trará as soluções para os problemas da sociedade de hoje? Então fico confuso. Viver é criar, e não me basta vegetar no amor e na paixão desenfreada. Há um projecto. Todos somos parte dele. Fomos criados para criar, eis o nosso futuro e objectivo de toda a existência! Aos outros seres vivos ( não lhes chamo animais porque estaria a considerar-me fora desta categoria o que é um puro acto de arrogância, portanto de estupidez), estão determinados pela existência a serem como são. A evolução trouxe-os até um determinado patamar, e hei-los felizes. Nós seres humanos somos os mais infelizes animais do Universo. A necessidade que temos de nos agarrar seja a que metafísica for, a procura constante da moralidade, a consciência lúcida da nosso carácter inacabado deixa-nos pouco tempo para viver. Mas porque nos trouxe a evolução até este patamar privilegiado (ou não)? Paro um pouco e sinto falta de uma cigarrilha. Já fumei uma hoje e não pretendo abrir precedentes e fumar outra. Tantas vezes esbarrei contra a vastidão imensa das grandes questões, e sempre que isso acontece sinto uma náusea mental imensa. Peço à minha irmã para pôr Chopin de novo. Preciso da sua melodia para lucidamente ir puxando a meada que já vislumbro, mas que raras vezes tenho coragem para puxar até ao fim, o que na prática é impossível...
Onde é que eu ia?
Na Natureza e nesta intrincada máquina a que chamamos mundo, nada acontece por acaso. Não sou Deus, e deveria talvez abster-me de afirmar tal coisa mas sinto que, no mais profundo de mim mesmo, àquela profundidade onde me confundo com Absoluto e me dissolvo no Uno, o Ser caminha subtilmente e constante por veredas determinadas. É a intuição de alguém que é feito da massa do Universo, como o filho que subtilmente se apercebe dos pensamentos da mãe por do seu ventre ter derivado.
Somos Natureza. Não podemos negá-lo. Talvez quisesse o Universo tomar consciência de si mesmo através dos nossos olhos. Usar os nossos sentidos e capacidades para se compreender, se moralizar, se perspectivar, se experimentar... Porque não nos foi dada a verdade de mãos beijadas? Porque não nos foi dado o caminho, apesar de sermos máquinas tão perfeitas e complexas? Terão as placas de Moisés a resposta? Serão os preceitos de tantos profetas a verdade e o caminho? Talvez até tudo já nos tenha sido oferecido de mãos beijadas, ou talvez o tenhamos pago com todo o sangue derramado pelos séculos dos séculos. Se já nos foi dada porque continuamos a questionar? Talvez a sociedade e a moral sejam isso mesmo – simples motores de aceitação passiva da verdade, para que o acto de questionar se dissolva progressivamente e o Universo em nós se compreenda... mas para quê? Não me parece que o Universo pretenda compreender-se definitivamente com simples convenções tantas vezes humanas e mal interpretadas. Não está nos seus objectivos supremos Não matar, Não mentir, Não cometer adultério, Não adorar outros deuses, etc. Não nego que são convenções importantes, são porém um caminho dado para alguma coisa mais que não compreendemos. Quererá o Universo contemplar-se pura e simplesmente como um Narciso que passa horas a olhar-se reflectido no lago? Temos sempre de resistir à tentação de antropomorfizar a realidade: eis o maior dos pecados! Não me parece que o Absoluto seja qualquer coisa de semelhante a vaidoso...
Tantas questões e tão poucas respostas. Afinal se todas as respostas fossem desveladas o que seriamos nós e a nossa natureza inquisidora?


3 anos e 116 posts depois, o blog continua cada vez mais florescente, cada vez mais sério e interventivo. Está bem diferente em conteúdo e em imagem em relação aqueles primeiros e ingénuos dias de 2005. Desde poemas a artigos, a simples reflexões e até a desabafos simples. Um blog que nasceu de uma vontade de reflexão, e muito deve agredecer a esses senhores do séc XIX que se juntavam em «Cenáculos» para discutir e contribuir para a regeneração cultural do nosso país.

Acredito que está de parabéns. Obrigado a todos os que têm acompanhado este lugar de reflexão, e aqui e ali também contribuiram de alguma forma com comentários e sugestões.

3 anos é apenas a infância. Ainda tem uma vida pela frente e muito a aprender, assim espero.

Ruben

10 comentários:

Anónimo disse...

Um dia semeaste a flor, que se tornou árvore e cresce desmesuradamente, viçosa e repleta de frutos... Frutos que um dia se multiplicarão e darão razão à tua existência!
Parabéns, meu Filho Poeta! Continua escalando a montanha... nem os escolhos te deterão... e muitas flores serão semeadas à tua passagem!
Adoro-te!
Ana

Marie-José disse...
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Marie-José disse...

Meu querido amigo! Os meus parabéns com os 3 anos do teu Blog. Não tenho paciência para ler tudo, pois, ler português ainda não é tão fácil e escreves muito :-) mas espero que um dia vou perceber quase como a minha própria língua.
Beijo bom e até breve.
Marie-José

Anónimo disse...

Concordo com a Marie-José! Escreves muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito. Não há tempo para ler tudo! :P Mas continua meu amigo idealista! Estás de parabéns!

Sara disse...

Parabéns Ruben, pelo blog que tenho o prazer de conhecer há pouco tempo mas do qual gosto muito. Pelas reflexões, pela postura activa e interventiva. O caminho faz-se caminhando, crescendoo, aprendendo, desenvolvendo, experenciando e por último compreendendo. Sendo que muito deste compreender advém do questionar, que nos é tão querido!

Bjinho.

Sara (onossocenaculo)

Sofia Santos disse...

Parabéns pelo excelente trabalho!! Continua! :)

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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