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quarta-feira, junho 04, 2008

Morre Lentamente - Pablo Neruda

Tive oportunidade de ler um poema muito interessante do grande poeta chileno Pablo Neruda num blog chamado «O Nosso Cenáculo». Tomei conhecimento da existência deste blog recentemente, e chamou-me a atenção pela semelhança relativamente ao nome deste mesmo blog. São 4 simpáticas raparigas unidas, tenho a certeza, pelo gosto da escrita e do pensamento. Agradeço-lhes e tomo a liberdade de também aqui publicar o poema.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...

Pablo Neruda


Agora, parece-me que este poema/texto/pensamento merece, mais do que estar exposto à vista de todos, alguma reflexão individual sobre o que está escrito. Reflexão profunda, reflexão que faça aderir estas palavras à nossa própria vida, como se dispuséssemos um papel vegetal sobre a nossa vida para depois redesenharmos os contornos e as proeminências. As palavras comovem muita gente, arrancam suspiros umas vezes sinceros outras vezes apenas corteses. Está na altura de através da carne entendermos o espírito.

2 comentários:

Filipa Rodrigues disse...

"Quatro simpáticas raparigas...", ficamos todas babadas.

Obrigada pela visita, volte sempre!

Filipa Rodrigues

Sombra de Anja disse...

Invadindo, pedindo licença silenciosa.
Pablo Neruda...esse texto é espectacular.

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda

E claro...Fernando Pessoa...sempre será Fernando Pessoa.

Bjokas filosóficas!