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terça-feira, junho 14, 2005

Apelo à Metanóia ( para os jovens, politicos, e enfim...para todos)

Acredito, acreditarei, e espero que todos venham a acreditar, que a verdadeira revolução e aquela que será realmente duradoura, não advém das instituições (ou virá mas apenas como meio), mas advirá das mentalidades!
Falo-vos da Metanóia.
As instituições podem modificar-se eternamente, seja por meios revolucionários ou revisionistas. No entanto, se as mentalidades e os espíritos não estiverem cheios e não sofrerem eles mesmos uma iluminação e uma tomada de consciência, os problemas de hoje serão os problemas de amanhã e de sempre, seja qual for o regime político e económico.
É pelo espírito que se pode mudar o mundo.
Independentemente do regime sob o qual estejamos sujeitos (socialista, capitalista, comunista, liberal ou totalitário), se num rompante de inspiração transformar-mos a nossa visão e as nossas crenças sobre mundo, então a sociedade – indivíduo a indivíduo – será forçada a mudar!
É necessário tomar consciência como que metafisicamente de uma nova mundivisão. Uma visão tão ampla que contenha todos os credos, ideologias, partidos, tornando-se assim universal. Não queremos maniqueísmos. A genialidade não está na especialidade, nem no partido, nem na ideologia; está pois na síntese de tudo!
Deixem-me que vos diga: chamem-me o que quiserem – budista, hindu, místico -. Sou tudo isso e mais ainda... sou Universal!
Quando se aceita uma tese ou ideia, há dois caminhos a seguir: o da extremização (mau por considerar a Verdade como uma parte desligada do Todo); o da ampliação (bom por abrir a ideia a melhoramentos, fusões, integração em paradigmas maiores). Prefiro este, pois considera a Verdade universal, e por isso transversal. Eis o espírito da Metanóia!
Temos também, como que numa experiência mística, de tomar consciência da nossa natureza mais essencial: somos animais reflexivos e pertencemos a um Universo muito maior que nós, em que o mistério e a beleza são muito superiores a todas as convenções humanas. Fazemos parte de um singular planeta, num singular sistema solar, numa singular galáxia em que existem cerca de 100 biliões de estrelas, por sua vez potenciais sistemas solares. Se juntarmos a isto a existência de cerca de 100 biliões de galáxias conhecidas, então como dizia o outro, é só fazermos as contas da nossa insignificância.
Para isto bem me ajudaram leituras daquele que eu considero o maior dos filósofos portugueses, e quem sabe até do mundo: Agostinho da Silva. Também Carl Sagan com o seu «Cosmos» e «Sombras de antepassados esquecidos», me ajudou a ter uma visão mais ampla da condição humana, e de que afinal não somos tão únicos nem superiores como pensávamos.
Ter é tardar – dizia Pessoa. É urgente outra tomada de consciência, urgente numa sociedade como a ocidental em que o objectivo da existência é o sustento pelo sustento pelo consumo. A única riqueza que vale a pena fomentar está dentro de nós; a cultura, o amor, a universalidade de pensamento, a contemplação de toda a beleza e arte. Hoje quer-se tudo de material e o suficiente ou politicamente correcto do espiritual. Trago-vos outra proposta: o suficiente do material e o tudo do espiritual! Os bens preocupam-nos, tornam-nos egoístas, gananciosos, estúpidos.
Perguntam-me: o que é uma sociedade desenvolvida? Respondo: é a sociedade em que a cultura está em primeiro e a economia depois; em que se valoriza os valores espirituais, artísticos e de contemplação, em detrimento dos materiais.
Deixo-vos alguma poesia do meu novo livro que vai a concurso em julho, para o prémio Manuel Maria Barbosa du Bocage.



Um tempo chegará,
Em que o homem superior,
Ciente do seu ser
E da sua natureza,
Usará do pleno amor,
E entenderá toda a beleza.

Um tempo chegará,
Em que o olhar será reflexo,
Da plena eternidade,
A que o espírito é afecto.

Toda a corrente e moral,
Serão apenas história
De um tempo imaturo,
Em que o homem inseguro,
Feliz se acorrentava
A normas temporais.

Um homem se erguerá,
Alto e pleno
De busto erguido,
Firme na Verdade
Da qual será o eleito,
Para férreo e destemido,
Semear em cada peito
Essa nova Liberdade.

É uma nova e mais completa
Metanóia que se espera.
Um novo ressurgir,
Nascido das profundezas
Do humano inteligir,
Sem partido ou preconceito,
Onde a Verdade não é única,
Nem um nada alienado de nada.



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Ó Alma Interna!...
Acorda em mim a fome do Impossível!
Quero ser todo fome e sede e necessidade de Ideal...

Quero correr para alcançar
A Visão pr´além mar,
Onde o real e a Utopia
Se fundem num só sonhar!

Quero esfacelar o tempo
Buscando eternidade,
Como quem no fundamento
Semeou a Liberdade!

Ser todo de todas as eras,
Alcançando na minha visão,
Toda a Universal história,
Dos fins à Criação!




-


Viajo no tempo
A História emerge ao meu olhar metafísico
Deslumbrado estou com a visão
Das eras idas...

O meu tempo mergulha-me num pessimismo
Deprime meu ser nos fundamentos
- tem de ser assim -
Está escrito na causalidade que me é inerente
Desiludir-me constantemente com o que me cerca
E me é contemporâneo...

É o que me projecta na Eternidade!
Como um romântico busco no passado
E em eras idas
A segurança e o conforto merecido...

E os mestres do passado brilham áureos
- pacientes -
entre a poeira levantada dos que correm
cegos e ignorantes
atrás das suas próprias ilusões
e da felicidade que se vende enlatada
empacotada
e com livro de instruções.







Estar só é privilégio dos deuses.
O silêncio de quem só a si mesmo se pretende ouvir...
Silêncio de quem recua,
Para noutra perspectiva,
Contemplar melhor a Vida...
E no global da pintura tudo entendo!
A moldura não limita
O que aprendo!

Devo voltar para junto dos homens?

E os homens são imagens...
Dançam céleres aos meus olhos
E em silêncio observo...surpreendido
Percorro o tempo em metafísica
De quem se alheia convencido,
De que o real é mais que a coisa física!






(acompanhar com Mozart)

É a subtileza...
O que corre sóbrio, discreto e melodioso sob os nosso pés
Vaga ideia discorrida pelo eremita fugidio
Covarde – talvez – à sombra dos altares
Agarrado metafisicamente à ordem que lhe foge...
Racionalmente, pelo menos...
Por isso ele chama a fé para o apoiar na sua deriva
Humana deriva...distante da sua divindade suprema
O humano tem medo...
A liberdade é um fardo demasiado pesado
E ser divino é demasiado para o medo puro e simples
Constrangedor e apático
Ícone de si mesmo...

E a dispepsia forte é um bálsamo
A simples humanidade encontra-se a si mesma...
Congratula-se e cumprimenta-se dizendo
«Olá!»
A paz? O que é a paz?
E o estado da paz é a morte de si para si
Ou de si para o mundo!

A guerra?
Oh a guerra!
Com os braços pesados e doridos clamando por eterno descanso
Aquele simples humano homem – o eremita –
Rasga as vestes que o cobrem...
Nu vai o rei
Vibra a calma dos altares e a sombra desvia-se obliquamente...
A entranhada guerra
- atómico conflito surge manifesto -
Olhar humano admira-se... o sangue aflora!
Abre-se a igreja.
Pesados gongos são arrastados pela corrente humana
A calma melodiosa dos pés que erram sempre não engana
Há gritos e multidões essenciais... percorrem sempre a sua essencialidade
Nada ansiando pois o Destino comanda
E o sonho...
Já projectado está o pé que calcorreia no recalcado chão da temporalidade
Lá longe onde o grito se dispersa o pé ensaia!
Passos breves são prenúncios de eternidade
Oh soubesse o animal o que conspira o átomo em si mesmo
Sem consciência

Tanto é o treino mas estranhamente tão certos são certos fins...

O deus distante das ronceiras ainda aspira o cheiro do feno
E o sol que o queima não hesita em prolongar-se eterno

O pé deixou a sua marca indelével no pano metafísico
Rendilhado em veredas ordenadas por uma ordem caótica...
Lá está o olhar humano atirando ao ar os seus juízos frequentemente
E ainda mais frequentemente recebendo-os na testa devolvidos
Se alguns – poucos – cometas pontuam o céu de quando em quando
Sobrevoam apenas inócuos a cerda humana
O mar de taxinomia cobre a visão sem se adivinhar um horizonte
E na esfera do animal a luz entra e tudo ilumina
O progresso! Ah o progresso!

Há um moinho que não pára...
Uma roda remoendo constante e férrea em circulo fechado...
Pó é o que dela sai.
O vento já o levou e faz com ele nevoeiro em toda a parte
Sempre.

É um gigante
«É a História!»
Cai morto o etéreo D. Quixote desarmado
Ponto.

Já a alma do Poeta clareou
Como a água límpida e transparente de um inteligível lago!
Como a Lágrima Absoluta onde esperneio como um insecto
E me afogo inteiro à espera da glória eterna
!
Um palmar algures na vida humana...
Nada magnifico porém...sublime
Sublime...

Sublime

Carne renegada jaz perdida
Apenas um material meio para o céu
Plano Superior platónico para onde esse efebo atira o dedo arrogante...
E essoutro o imita antes de beber a cicuta redentora

Cicuuuuuutaaaaaa...

Que paz liquida se funde na melodia das coisas
E subtilmente serpenteia sob a turba de pés condenados à Liberdade!


Ainda Mozart


Arte que me assombras arrancando de mim tudo o que sou
O que vislumbro distante em mim se transfigura
E não o entendo...
Tudo flui
Liquido o devir da arte se espreme da vida agarrando o Eterno...

No meu fechado circulo de entidades etéreas e inteligíveis
Vivo, sou, respiro Ser
Sou a lira do Absoluto dedilhada misteriosamente...
Misturo-me e tropeço tropegamente em mim – Nada – e no Absoluto de mim
- Tudo e Nada -


...de preferência Clarinet Concerto, k.622 – Adagio


Aparência
Ao animal olhar tudo é aparência
E o Perfeito nada deve ao subjectivo
Mesmo sendo o homem inspirado – momentaneamente – pela absoluta
perfeição
A melodia superior ainda está longe da humana compreensão...

Efémeros são os zénites atingidos
- vento, brisa, pedaços de sonho -
Suficientes são, porém, para cravar na rocha eterna o criador
Longe é a visão do desconhecido
E o incomensurável não se desvela de uma só vez
Nem se dá de corpo e alma gratuitamente...


...talvez Piano Concerto NO.21, k.467 Andante


Ao som do celeste embalo a mão decidida percorre o vazio das coisas
vazias
de si mesmas
- potências reais do real subjectivo -
Reivindica a liberdade precipitando-se contra o Desígnio
Vinga-se o Desígnio arrastando-o pelo macadame dos tempos...

Já Séneca se revirou na sepultura dos sábios
Eterno eremita conduzido pela resignação ao Fado...
Riu-se dos que bracejavam ingénuos contra a corrente etérea,
E depois cansados foram arrastados pelas águas revoltas...


Requiem, K.626 – Lacrymosa


Superior é a ideia humana ainda que grosseiramente se deturpe
Na turva atmosfera do corrompido
E aí está a voz humana num crescendum divino...
É a unidade das vozes e das vontades que projecta o Ser
E o chão vibra – também o céu contagiado troveja...

No olho do furacão e do fragor da luta
Repousa a Verdade.
O pleno devir já se confunde com as nuvens etéreas do sonho...
Sonhar! Oh sonhar com o porvir da felicidade!
Chorar sempre – carpir de amor à Humanidade
Esticar o braço lasso mas convicto e tocar a mão de Deus...

O agora é já prenúncio
É a Arte mediadora e já faz tremer os corações frios
Já a natureza do instinto renasceu das cinzas como Fénix
E o natural regressa ao templo da harmonia
- o clássico do Homem renasceu -
A Alma renova-se a cada momento sempre mais intenso,
E o espírito novo repousa sem pressas
No coração humano!

2 comentários:

Anónimo disse...

Ruben David os teus textos são fantásticos,já és um grande poeta e serás reconhecido brevemente....
Parabéns e continua a deliciar-nos com a tua poesia...

Anónimo disse...

Ruben, eu devia-te dizer para estudares mas como sei que os teus textos são vindos do coração e da tua grandeza como poeta eu perdoo-te!!
Força!continua!