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terça-feira, junho 20, 2006

Mais do mesmo...

Cada dia que passa se ouvem mais e mais protestos dos professores, e cada vez mais e mais justificações mal justificadas para medidas educativas que são cuspidas para a opinião pública sem uma coerência aparente, nem algo que faça adivinhar um plano orientador para a acção governativa na área da educação.

Parece que, cada vez mais o problema fundamental da educação tem a haver com questões de pessoal e de logística que, a meu ver, se confundem tantas vezes com questões financeiras de redução da função pública, a maldita questão dos supranumerários, entre outras questões que parecem ocultar como único plano de fundo a poupança, e a sustentabilidade da segurança social. Na confusão dos discursos sobra apenas tempo para discussões que nada concernem ao que de facto me parece o maior problema do sistema de ensino português – o próprio sistema de ensino! De facto não me parece que alguém consiga mergulhar sob o mar de problemas e de remendos sobre os quais caminha infelizmente toda a polémica, por onde o barco do governo continua a abrir caminho embora muitas vezes aos círculos e de marcha a ré.

A pergunta que devemos fazer desde logo, e a única que de facto nos servirá de hipótese de trabalho é a seguinte: está o sistema de ensino, em todas as suas dimensões e âmbitos, realmente preparado para formar o indivíduo em todas as suas vertentes de cidadão, ser humano, autónomo, livre, responsável, aberto ao mundo?

A partir desta questão simples e básica, devemos nós construir desde os alicerces um sistema dito ideal, e deitar por terra todos os defeitos que por ventura observemos no sistema que hoje temos. Devemos só como exemplo questionarmo-nos sobre o conceito de pessoa, ou indivíduo sobre o qual se baseia o sistema de hoje, e o conceito de pessoa do sistema que desejamos. Como sabemos, a questão do individuo acarreta consigo toda uma panóplia de predicados fundamentais como o ser livre, ser autónomo, que fazem parte do conceito de pessoa e que, na questão da aprendizagem e/ou ensino são fundamentais para entendermos o porquê de certos problemas de hoje, e como podemos resolvê-los amanhã.

Devemos também pôr a tónica na sociedade de hoje, pois o ensino tende a ser mais tarde ou mais cedo o reflexo da sociedade que o tutela, dos seus objectivos, propósitos, contextos culturais. A sociedade tende a formar para seu uso corrente, se assim posso dizer, um conceito de pessoa que tende a ser mais ou menos útil à própria sociedade onde o indivíduo se insere. Vejamos o exemplo do socialismo e do indivíduo como colectividade, ou o capitalismo e o indivíduo como ser livre, consumidor e produto.

Assim, como é a sociedade de hoje? Qual o conceito de pessoa de hoje? Qual o conceito de individuo de amanhã, para que se crie a sociedade de amanhã? De que modo a educação se deve portar perante um novo conceito de indivíduo, e de sociedade?

Responda-se a estas questões e muitos problemas se resolverão.

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