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quinta-feira, outubro 15, 2009

Mente e Processo de Decisão


Não desvirtuando o objectivo matricial deste blog, deixo-vos um esboço do artigo que estou a escrever sobre o processo de decisão, em parte como resposta ao livro da Dra Sofia Miguens, "Racionalidade". Nele procuro elaborar eu próprio, sem recurso a referências alheias, uma definição do processo de decisão.



Decidir é escolher. É o acto de seleccionar determinado rumo de acção em detrimento de outros rumos possíveis. Decidir - se é de facto um acto de liberdade e não expressão de um puro determinismo – implica actualizar uma possibilidade no âmbito de um leque de possibilidades na qual aquela se insere. Obviamente, a possibilidade não se torna acto por si mesma, mas através de um decisor. O decisor é o sujeito que faz a escolha, deliberando e seleccionando das escolhas possíveis aquela que melhor lhe convém para atingir determinado fim. Em termos formais, a decisão visa sempre um determinado fim. Neste sentido, a decisão não só não se toma por si só, como não se toma sem um acto anterior de deliberação.

Á escolha precede o acto de deliberar, ou seja, o de avaliar qual das possibilidades mais convém à concretização de um determinado objectivo. O acto de deliberação tem como intenção ou motivação a sopejagem das hipóteses possíveis e a conveniência de cada uma para a concretização da finalidade para que tende a decisão. Essa pesagem, ou avaliação deliberada, implica a análise das consequências de cada uma das escolhas possíveis. Cada possibilidade contém em si um determinado “estado de mundo” que é consequência provável da sua selecção pela acto de decisão. Num mundo de incertezas várias, o decisor tem de tomar decisões que comportam sempre uma componente de risco, um possibilidade dentro da própria possibilidade de que o estado de mundo que se propunha actualizar não corresponda ao estado do mundo que, por fim, tem lugar. Portanto, o acto de deliberação implica antecipação de probabilidades, limitação de incertezas e controlo de danos.

Não há um meio absolutamente infalível para determinar o resultado de um acto de decisão. Não existe um meio capaz de expurgar toda a contingência, assumindo que um estado de mundo se segue necessariamente a outro. Talvez daqui surja a associação do acto de decisão ao ser racional, ou seja, ao ser capaz de contemplar na possibilidade a sua dupla-proporção ou ratio de necessidade e contingência. Enfim, a sua probabilidade. Em grande medida, um decisor racional procura de diversas formas reduzir esse ratio de contingência inerente à escolha, nomeadamente através da invenção de métodos ditos científicos. O objectivo da ciência, da matemática aplicada à física, da estatística, não é apenas lúdico ou fruto da pura curiosidade humana, mas fruto da necessidade de diminuir o ratio de imprevisibilidade na decisão, impondo determinadas regras e leis que exprimam uma ordem cognoscível e passível de constituir um método de previsão fiável. Só um decisor que seja capaz de ter consciência da imprevisibilidade, ou que conheça os seus perigos – ou mesmo os tenha sentido na pele – é capaz de fazer ciência.

É o aspecto evolutivo da racionalidade e da decisão. As decisões bem tomadas funcionam melhor em termos evolutivos do que as mal tomadas. Dos que tomaram decisões erradas não reza a história; pelo contrário, dos que souberam controlar a imprevisibilidade muitas histórias se podem contar. Ao contrário do que muitos psicólogos evolutivos afirmam, essa capacidade de deliberar segundo determinadas regras de previsibilidade tem raízes num dado importante muitas vezes descurado – a emoção. A natureza da evolução inventou determinados instrumentos de decisão, nomeadamente determinadas sensações – medo, prazer, dor -. O medo permite ao decisor tomar consciência do erro de determinada escolha antes sequer de a tomar. Antes de um animal ter medo do fogo, muitas gerações de animais tiveram de se queimar e mesmo de morrer. Múltiplas gerações tiveram de aprender à custa do erro o valor da cautela e da prudência. Curiosamente, Santo Agostinho no séc. V aborda precisamente a questão da vontade, na perspectiva de que ela pode ser concupiscível ou irascível, ou seja, naturalmente tende para o que lhe é bom e afasta-se do que lhe é mau.

Perante o precipício, tomar a decisão de parar e recuar teve melhores resultados do que a de dar dois passos em frente. Naturalmente, a prudência é já uma espécie de dado probabilístico inscrito nos próprios genes – inata - no sentido em que o sujeito instintivamente está consciente da grande probabilidade da queda, e do modo como esta o prejudica enormemente enquanto ser vivo. Perante tais circunstâncias a decisão é simples. Contudo, nem sempre este conhecimento tácito e instintivo tem ascendente sobre a escolha do indivíduo. Sabemos que, em certas circunstâncias, a decisão é contrária às probabilidades e aos “avisos” inscritos na memória genética. Por exemplo, quando se trata de cometer suicídio, a deliberação que conduz a esta decisão não vai de encontro ao que seria de esperar. A decisão de acabar com a própria vida vai contra o instinto natural de sobrevivência, contra o medo e a certeza do perigo da queda, ou da bala, ou do comprimido.

Estou já de certa maneira a descer do patamar de uma análise formal da decisão, para uma descrição da prática da escolha do decisor humano. Porém, teremos nós essa legitimidade? O que me leva a acreditar que o ser humano é realmente capaz de decidir? Haverá alguma correspondência possível entre o quadro formal da decisão e o aspecto heurístico do acto de decidir? Perante tais questões, sou imediatamente levado a pensar que uma aparente análise formal mais não é do que uma projecção do plano do concreto e prático em direcção a um plano ideal, ou seja, o mais funcional e perfeito possível. A “análise” projecta a forma como deveria ser, e não como de facto é. Neste sentido, não existe uma “análise” no verdadeiro sentido do termo. Por exemplo, quanto à linguagem, quando se pretende criar um quadro formal que seja a expressão pura da língua, à semelhança de um Frege, ou desvelar uma espécie de módulo mental linguístico que contenha uma gramática formal de toda a linguagem como procura fazer um Chomsky, não me parece que o objectivo de provar a existência de tal formalidade seja concretizado. Qualquer tentativa de “platonizar” a estrutura da língua não passa de um esforço de descrição daquilo que a língua deve ser e como deve funcionar, mais do que aquilo que ela verdadeiramente é e como funciona. É mais uma forma de se tornar previsível o caos linguístico, procurando matematizar os processos de comunicação e raciocínio expressos através do símbolo. É por isto que Frege procura transpôr para a linguística princípios matemáticos, e Russel segue-o em muitos aspectos. É por isso que Wittgenstein chama a este exercícios formais jogos de língua. Uma frase ou proposição exprime um pensamento, uma crença ou um desejo. A estrutura ideal de qualquer proposição não é apenas a sua estrutura lógica, nem o seu carácter de verdade ou falsidade. Ser verdadeira ou falsa não é condição sine qua non para que faça sentido, mas apenas uma condição de adequação da proposição à realidade que procura descrever. Mas também é verdade que não se pode atribuir valor de verdade ou falsidade em relação a uma proposição que exprima crença ou vontade. Nesse caso, a verdade ou a falsidade apenas depende do sujeito que emite a proposição. Portanto, a estrutura lógica pura da linguagem é redutora e não faz jus à infinitude das possibilidades. Ora, acredito que o mesmo acontece com o processo de decisão.

Nesta senda, poderíamos afirmar que existem várias formas de decidir, e que só uma abordagem científica ou naturalista pode categorizar todas as possibilidades partindo da descrição dos fenómenos ligados ao processo de decisão. Por um lado, tal abordagem tem mérito na medida em que nos dá uma visão mais abrangente do processo em si, do modo como o comportamento do decisor se relaciona com o mundo, se adapta, acomoda, ou assimila. É a típica abordagem psicologista dada a um certo behaviourismo, a um naturalismo epistemológico quineano, ou, se quisermos também, a um construtivismo piagetiano. É uma abordagem que satisfaz muitos daqueles que defendem o primado da ciência, dos que pretendem reduzir toda a realidade a uma espécie de monismo. Curiosamente, também esta abordagem é, só por si, extremamente redutora. E é-o por uma razão muito simples, que está relacionada com o que já afirmei anteriormente – também esta abordagem exclusivamente científica ou psicologista pretende apresentar modelos de decisão que tornem previsível o comportamento do decisor, ou seja, que reduza, em última análise, o processo de decisão a “módulos” de input e output, como é tão do gosto dos filósofos americanos. Este tipo de modularidade que é proposta, por exemplo, por um Fodor, pretende que o comportamento e, consequentemente, o processo de decisão se reduza a um conjunto de inputs e outputs no seio de vários módulos mentais, fechados sobre si mesmos, e em grande medida autónomos. Ora, esta perspectivação recorda-me de imediato a tentativa de Leibniz de reduzir o real a mónadas, também elas solipsisticamente autónomas e absolutas. Na minha perspectiva, estas tentativas de explicação dos processos mentais não passam de esforços atomistas no quadro de outras tentativas semelhantes, cujo pecado original terá sido o atomismo psicológico de Wundt – ou mesmo a frenologia que o antecedeu - passando depois pelo atomismo lógico de Russel e terminando provavelmente no modularismo fodoriano ou na hipótese dos módulos darwinianos. Vejamos: trata-se de uma atitude que deriva da concepção epistemológica de que o objecto é a soma das suas partes, e que só a análise das suas partes pode levar-nos a compreender o todo do objecto. Deriva talvez da própria ciência natural que pretende reduzir os compostos às suas partes simples, a molécula ao átomo, o átomo ao quark.



Esta é uma tendência que pervade a filosofia em diversas disciplinas, nomeadamente na metafísica e na epistemologia. No plano da ontologia fala-se em categorias, independentemente do paradigma – ser, consciência, linguagem -. As categorias são também, em larga medida, módulos que permitem o conhecimento, através dos quais e pelos quais o real é organizado e se transforma em fenómeno. Em Kant, por exemplo, as categorias a priori do entendimento e da sensibilidade permitem a síntese dos dados da experiência gerando fenómenos passiveis de serem cognoscíveis. Não deixam, portanto, de existir inputs e outputs de dados num certo sentido. Outros filósofos, como Hartman, procuraram também modularizar o real propondo esferas ou dimensões do cognoscível. No caso particular de Hartman, a dimensão do cognoscivel abrange a esfera do real, do ideal, gnoseológica e lógica. Portanto, se se fez e continua a fazer uso de paradigmas categorias no plano da ontologia, não é de admirar que se proponham paradigmas modulares no plano da teoria da mente.




Uma definição abrangente de Decisão

Como já referi anteriormente, compreender o processo de decisão implica compreender o processo de deliberação racional. Compreender o processo de deliberação implica, por sua vez, a compreensão das regras que o subjazem – se é que tais regras existem e não passam apenas de algum tipo formal de explicação -. Mais uma vez, a finalidade de tal elaboração formal visa o aumento do grau de previsibilidade do processo decisório, instituindo regras funcionais que permitiriam eventualmente a elaboração de metodologias de previsão – ou teorias -.

Afinal, quem – ou o quê – decide? Chamemos-lhe “decisor”. A entidade que decide é sempre, em qualquer circunstância, a mesma que delibera? Sentimo-nos tentados, por hábito filosófico, a dizer que sim. Contudo, não será também legítimo falar de “decisores colectivos”? Noutras palavras, é legítimo falar de um conjunto de indivíduos capazes de deliberar em conjunto e decidir da mesma forma, ou de deliberar em conjunto e delegar num só a tarefa de decidir? Deveremos, neste sentido, colocar em causa o carácter isolado e insular do processo de decisão? Somos, por hábito e herança conceptual, tentados a remeter o processo de decisão para um indivíduo isolado e até solipsisticamente fechado sobre as suas próprias regras deliberatórias. Agradeçamos ao Eu penso cartesiano, e também, em parte, à vontade e à revolução coperniciana de um Kant que deslocou o centro de gravidade dos transcendentais – cuja essência era anterior e causa da existência – de Deus, para o Homem e para o carácter transcendental da razão pura. Nesta senda, a razão é levada a “dobrar-se” sobre si mesma para compreender os seus próprios limites.

Hoje, muitos filósofos já não falam em “Razão”, mas em “Mente”. O processo de decisão cai, portanto, na alçada da chamada “Teoria da Mente”, cujo objecto é precisamente essa entidade um pouco obscura e abstracta denominada de “mente”. A mente, em princípio, é parte integrante do indivíduo. Digo em princípio porque é possível pôr em causa a existência da mente nos outros indivíduos exteriores a nós. É a questão dos “qualia”. Não temos garantias absolutas nem objectivas acerca da existência de “mentes” nos indivíduos que nos rodeiam, que vivem connosco, que passam por nós todos os dias na rua e com quem trocamos por vezes breves palavras. Num certo sentido, podemos apenas acreditar que todos esses individuos têm “qualia” e que não são meros zombies. É mais um daqueles princípios que tomamos como certezas à partida, meramente porque nos são úteis e suficientes. Desta forma, se a mente é apenas uma estrutura individual e autónoma nunca lograremos uma total compreensão e delimitação das mentes alheias, pois elas situam-se num plano ab-soluto que nos é ontologicamente inacessível. Contudo, nem aqui deveremos cair na tentação da absolutização ou na modularização das mentes individuais. Estas não são estruturas monadológicas. Porém, se há uma uma mente à qual aparentemente temos acesso objectivo e imediato, é à nossa. E mesmo aqui é preciso ter cuidado. Se tudo se passar desta forma, que legitimidade nos resta para descortinar regras subjacentes aos processos mentais a partir de um abordagem objectiva de algo que está ferido enormemente pela subjectividade? Há algum meio de fazer induções válidas acerca de regras gerais sem cometer o erro da sobre-generalização? Existe algum plano comum, comunicacional entre as diversas “subjectividades” mentais que permita tal análise?

Aparentemente, sim. O intercâmbio possível faz-se através da linguagem, entendida aqui num sentido lato, ou seja, todo e qualquer tipo de expressão simbólica passível de criar consensos, transmitir significados ou estados mentais ou do mundo, gerar acções ou reacções performativas (por ex: os actos de fala [Austin]). Este intercâmbio é permanente e contínuo, uma espécie de fluxo semântico entre indivíduos e símbolos. Ele põe em comum significados, e como tal se chama de comunicação. A comunicação é deveras importante, em particular para a sobrevivência e sucesso evolutivo do ser humano, pelo que a estrutura a que chamamos mente é em grande medida um sistema de compreensão, descodificação, síntese sintática e produção semântica. Desta forma, não é possível falar em processo de decisão alienado do processo de comunicação, na medida em que a fixação de crenças que servem de base ao processo de deliberação muito deve ao fluxo comunicacional. Atrever-me-ia até a afirmar que o processo comunicacional existe também como meio de diminuir o ratio de imprevisibilidade do processo de decisão, reforçando crenças e opções que são a matéria-prima do processo de deliberação. Portanto, discurso e palavra são sintomas de racionalidade, sendo que não se pode falar em racionalidade sem se falar em discurso – não é por acaso que razão e discurso derivam da mesma palavra grega logos - .

Façamos uso de um exemplo mais ou menos ilustrativo. Um jovem pretende escolher o curso que pretende frequentar na universidade. Sabemos de antemão que a decisão será só sua, mais ninguém pode decidir por si (a não ser que os pais sejam muito rigidos e o forçem a seguir um curso que lhe dê algum “estatuto”). Contudo, nessa decisão que terá de tomar há determinados aspectos que deve ter em conta. Ele quer seguir um curso que esteja de acordo com a sua vocação porque para ele a realização profissional é muito importante. Por outro lado, quer fazer uma escolha que não lhe traga problemas de empregabilidade no futuro. Portanto, há três crenças que estarão na base da sua deliberação: 1) um curso universitário é uma mais-valia fundamental para a vida futura; 2) só é possível a realização profissional – e por inerência, a felicidade – se escolher um curso que esteja de acordo com a minha vocação; 3) preciso de um bom emprego e só um curso que me garanta empregabilidade pode assegurar-mo. É óbvio que estas 3 crenças têm muitas outras variantes e, em última análise, assentam noutras crenças que por sua vez assentam noutras quase até ao infinito. Como é que estas crenças adquirem consistência e influenciam em última análise a decisão final? Ainda que existam determinadas crenças base, o jovem irá concerteza falar com os pais, os amigos, com outros jovens que estejam já a cursar um ou outro curso, com professores, irá ler panfletos, consultar sites, etc. O jovem – em termos ideais obviamente – tudo fará para que a sua deliberação seja o mais abrangente possível e, portanto, o menos susceptível à incerteza e à contingência. Nesse sentido, será também com base no testemunho comunicacional que ele tomará a sua decisão final, na medida em que este serviu para dar ou retirar consistência às suas próprias crenças.

Sabemos que, muitas vezes, um bom conselho ou a palavra de uma “autoridade” num determinado tema é suficiente para dar mais consistência às nossas próprias crenças, ou até para que abdiquemos delas em detrimento de outras que nos surgem mais legitimas. Quanto mais difícil é uma decisão, quanto maior é a responsabilidade, maior a necessidade de nos informarmos bem, de nos estribarmos em opiniões alheias, de ouvirmos os outros. Esta necessidade parte também de uma decisão racional baseada em crenças determinadas. Neste ponto em particular podemos desvendar um aspecto do processo de decisão que também o influencia em grande medida, e que nenhuma visão computacional pode abranger com justiça. O decisor não decide simplesmente, ou seja, o processo não é linear e impessoal nem se baseia numa avaliação autónoma e modular. Cada decisão não consiste simplesmente num início e num fim determinados e desligados de uma qualquer anterioridade ou história. Não se trata simplesmente de input-processamento-output. No que respeita ao decisor humano, existe uma consciência que também influencia o resultado do processo. Essa é a consciência da importância ou da responsabilidade implicada no processo de decisão. O jovem tem consciência da importância da escolha do curso que pretende seguir, ou seja, do modo como a sua decisão será decisiva para a sua vida e tudo o que viver significa. Há uma dose de responsabilidade inerente que tem o condão de reforçar a necessidade de expurgar a imprevisibilidade de todo o processo. Por um lado, se a atitude é racional já o mesmo pode não acontecer com os métodos. Não é linear que o decisor faça uso de métodos estatísticos, matemáticos, científicos para deliberar. Pode simplesmente consultar um tarólogo ou ler um horóscopo no jornal.

A natureza do processo de decisão não consiste em metodologias ditas científicas, matemáticas ou lógicas. É por uma necessidade íntima do próprio processo, uma necessidade de completude em relação às suas próprias limitações, de superação das suas próprias lacunas, que o decisor se vê compelido a fazer uso de metodologias que sirvam de complemento ao processo em si mesmo. Se o decisor se vê num certo sentido isolado e alienado do exercício comunicacional, ou mesmo de qualquer metodologia fiável de previsão e decisão, é certo que o processo em si mesmo será mais dado à intuição e ao risco. Pensemos num exemplo: quando fazemos o euromilhões somos forçados a escolher 5 números e 2 estrelas. Esse processo de escolha é naturalmente um processo de decisão. Como decisores que somos, temos perfeita consciência da falibilidade das nossas intuições, pelo que as escolhas que faremos serão em grande medida aleatórias sem que nos percamos muito com deliberações que sabemos serem inúteis perante a ausência de metodologias fiáveis que reforçem as nossas crenças. Contudo, neste caso em particular a decisão não acarreta grande responsabilidade, ainda que seja de alguma importância – sobretudo se o prémio for grande e formos bastante pobres - .

Continua

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