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domingo, novembro 02, 2008

Genocídio reeditado?




Mais uma vez, urge dar voz a um povo sem voz. África, muito mal curada da crise do Darfur (que parece não ter fim) e da crise no Zimbabwe (fruto da obstinação de um homem que só conhece a linguagem do poder), vê-se de novo a braços com uma situação de profunda calamidade humanitária, na República Democrática do Congo (antigo Zaire). Soa a reedição do que se passou entre 1998 e 2003, conflito que matou directa ou indirectamente 5 milhões de pessoas. Os combates deram-se na província de Kivu-Norte, sobretudo na sua capital Goma. Tudo começou, segundo o jornal Público, depois de uma ofensiva dos rebeldes Tutsis comandados pelos general Nkunda, contra as tropas governamentais do Congo.

Há coisas na vida cuja obviedade quase torna inútil a referência. Segundo David Miliband, MNE inglês, mais de 1,6 milhões de pessoas terão fugido das suas aldeias e dos campos de refugiados em Goma. Aquela zona do Congo é rica em recursos naturais, nomeadamente ouro e diamantes. É certo que este tipo de conflitos étnicos continuam a ser fomentados por potências com os EUA, a Rússia e até China, seja pela venda de armas seja pela desestabilização de governos «incómodos» através de apoios a forças rebeldes. Hoje, África é uma espécie de tabuleiro mundial, em que as várias potências económicas se degladiam para controlar os imensos recursos naturais, assegurando o monopólio da exploração dos mesmos recursos. Talvez fazer cimeiras internacionais, juntar à mesma mesa União Africana e ONU, rebeldes e governos, manter frágeis equilibrios que ao primeiro vislumbre de falta de supervisão exterior se desfazem, não chega. Não chega manter capacetes azuis durante anos nos locais de conflito, nem ONG´s a trabalhar ano após anos de forma assistencialista. Mais do que tudo isto, é preciso que os EUA, a China e a Rússia assumam as suas responsabilidades, deixem de vender armas a países com historial de conflitos étnicos à sombra da «legalidade do mercado livre».

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigada pela chamada de atenção. Andamos tão distraídos nas nossas coisinhas...e entretanto tanto seres humanos são privados do mais básico, para nós ocidentais.
E, o mais confragedor é que tais absurdos humanos (assim deviam ser considerados perante a evolução do pensamento)servem, afinal, o capital do ocidente.
Este mesmo ocidente que está claramente doente, padece de excessos de consumismo, de faltas de afectos sinceros em suma anda a derreter-se pelas lavas da destruição do ecossistema. Mas, não contentes, no entanto, assistem impávidos pela indiferença ao ruir de um sistema, clamando pelo lema de "salve-se quem puder"!
Ana Bárbara Ribeiro