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segunda-feira, abril 28, 2008

25 de Abril a Dia Mundial da Liberdade



25 de Abril em Portugal é sinónimo de Liberdade. Começou por ser golpe de estado convencional com o objectivo de acabar com uma guerra há muito perdida, e tornou-se num símbolo da democracia.

Hoje, acredito que comemorar o 25 de Abril deve ser mais do que lembrar Salgueiro Maia ou os cravos nas G3S. Deve ser de facto comemorar a Liberdade. Lembrei-me agora que existem dias do ano para tanta coisa e não existe um Dia Mundial da Liberdade. É pena, porque a história é feita de lutas pela liberdade, pela emancipação, por direitos dos quais usufruímos quase tão distraidamente como respiramos. O dia da Liberdade deve ser um dia de festa, mas sobretudo de meditação.

Meditar sobre a Liberdade é dos exercícios mais supremos que podemos pôr em prática. O que é isso de ser livre? Porque desejamos tão intimamente a liberdade, sobretudo quando nos sentimos constrangidos ou coagidos por algo ou alguém? Fernando Pessoa dizia que não conhece a liberdade aquele que nunca viveu constrangido. Ou seja, provavelmente não se dá valor a uma liberdade se nunca dela se sentiu falta. É um pouco como quase tudo na vida. Os judeus libertaram-se do jugo egípcio, os franceses gritaram liberdade depois de morto Luís XVI, símbolo do absolutismo real que os oprimiu durante séculos, e cujo eco se fez ouvir em toda a Europa. Já no séc. XX os colonialismos de séculos tiveram um fim depois da Segunda Grande Guerra, os povos colonizados sentiram-se no direito de determinarem o seu destino e viram-no consagrado na Carta da Nações Unidas; o exemplo da África do Sul e do fim do apartheid, a emancipação feminina e a sua (ainda actual) luta pela igualdade. A vontade de ser livre, de pensar livremente, de agir sem coacção alheia e ilegítima, de não ser explorado por outrem, de falar sem medo, e sobretudo de ser respeitado como igual parece ser inerente à condição humana. Está nos genes daquilo que somos a emancipação de estados opressores, a libertação e o alargamento das fronteiras daquilo que somos e que clama pelo direito a ser sem constrangimentos. O pássaro acabado de sair do ovo precisa da mãe para crescer até ter asas e poder voar sozinho. A liberdade é uma vontade interior e profunda de autonomia, de consciência que há limites que já não se justificam e apenas frustram e alienam o homem daquilo que é. Isto tanto é válido para um homem, uma mulher, uma criança, como para um povo, uma comunidade ou nação.

Liberdade resulta da vontade de ser livre. Da maturidade interior que resulta da consciência dos limites impostos e da necessidade de os ultrapassar, resulta a vontade de ser livre. Um homem suficientemente maduro para entender quando os seus direitos estão a ser de alguma forma feridos por algo exterior, sentindo-se de alguma forma frustrado no seu próprio espaço de possibilidades, aspira à Liberdade.

Quantos de nós somos verdadeiramente livres? Será que ajudamos os nossos amigos, familiares, conhecidos, a serem livres, ou seremos pelo contrário instrumentos de opressão?

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