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quinta-feira, abril 12, 2007

..um tal homem de Nazaré..






Estava eu sentado no chão poeirento. O vento sibilava nos meus ouvidos, o calor fazia-me sentir absolutamente sonolento. Não pensava em nada, senão em beber água fresca. Foi quando vi vindo ao longe, na curva da estrada, meio toldado pela calor que distorcia o que quer que fosse aquela distância, como que emanado da terra vermelha.
Vinha rodeado de gente. Seguiam-no como se trouxesse um tesouro atrás de si. Como se fora um arauto de uma qualquer nova há muito aguardada. Não entendo porquê. Porém, ele vinha-se aproximando e eu já o distinguia claramente com o seu ar sereno e altivo. Nunca o havia visto em toda a minha vida, e sei que o mesmo se passava da sua parte, mas nunca entendi porque é que naquele momento ele fixou os olhos em mim como se absolutamente me conhecesse, como se esperasse de mim uma qualquer resposta ou sinal. Ainda que cada vez mais rodeado pela multidão que o ia aclamando, e lhe puxava a túnica, não tirava os olhos de mim e, ainda que eu quisesse, não conseguia deixar lhe corresponder. Olhei-o sempre, e ele a mim, até ao momento em que, passando à minha frente, me levantei e quis saber-lhe o nome. Não consegui, todos queriam segui-lo, a multidão não me deixou chegar a ele. Desisti, voltei a sentar-me embora não conseguisse despregar o olhar. Senti que ele me sorria, embora muito subtilmente. Não pensei mais no calor, nem tive mais sede. Fui ouvindo a multidão a afastar-se, e ele com ela.
Não o vi mais. Disseram-me que era um tal homem de Nazaré que fazia milagres. Parece que tinha curado uma porção de gente, sobretudo leprosos. Fiquei admirado. Soube que foi crucificado pelos romanos em Jerusalém há algum tempo. Pobre homem. Não tinha aspecto de criminoso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Religião (ou coisa parecida) cariño??? :-)