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quinta-feira, outubro 13, 2005

Filosofia Te Amo

Baseia-se a pesquisa filosófica num momento. Momento silencioso, espontâneo, de instintivo quebrar de convenções humanas. Corre o rio do devir humano, fútil e conformado das massas terrenas. Num só segundo uma pedra extraviada mergulha nas águas da correnteza, provinda de sabe-se lá de onde, sendo certo que perturbará este devir sem fim. Surge a questão iluminada, como um facho de luz a solta na escuridão e no vazio. Se a corrente revoltosa não impedir, a pedra lançada mergulhará inexoravelmente até ao fundo do leito, onde repousará eternamente. À superfície corre a água revoltada, inconsciente do seu caminho para o abismo, ou da sua inevitável dissolução na mar infinito e horizontal. Nas areias profundas onde jaz a pedra, reina a calma. Uma estabilidade eterna, preservada da transformação da aparência e do superficial. Habita aí a verdade do filósofo. Essa alma universal e incorruptível que ele pobremente sonha em alcançar, mas em virtude da sua humanidade só lhe é permitido intuir, que é no fundo sentir com a memória do espírito. Aquela memória que galga as muralhas do imanente, e desde os primórdios se alberga na substância, no Ser, no transcendente; numa só palavra, Deus.

Deus, Javé, Inominável. Fonte segura dos que humildemente compreendem a insignificância que os caracteriza. Ser eterno e universal, trans-religioso e inconceptualizável senão por si mesmo. Não o atingimos se não nos reduzirmos ao nada. Não o compreendemos senão fora de nós mesmos, transformando na nossa visão o relativo em objectivo, o separado em Uno, o alienado em integrado. Não entenderemos o temporal senão entendermos primeiro o eterno. O que acontece aos nossos olhos é apenas consequência e partido. Fenómeno isolado aos nossos olhos, imbuído porém de razões que nos ultrapassam.

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