Todos conhecemos a personagem fedorenta do nosso amigo Ricardo Araújo Pereira, mais conhecida por «RAP». Ninguém fica indiferente a forma como transpira comédia e encarna diferentes personagens. A famosa entrevista que deu na RTP há já algum tempo revelou um homem com uma erudição admirável que, não só faz comédia como pensa, reflecte séria e profundamente sobre as mais variadas questões. RAP é a prova que o melhor humor só pode ser feito pelas cabeças mais brilhantes. Humor sem inteligência e erudição é vazio e vulgar.
O convite feito por Lobo Antunes ao RAP para que este estivesse no lançamento do seu mais recente livro pode ter sido, mais do que uma manobra de bom marketing, a prova de que a profundidade do nosso amigo fedorento quebra as usuais barreiras da comédia para penetrar nos limites da intelectualidade. E parece que o que se vai passar a partir do dia 27 no Teatro São Luiz, em Lisboa vai consagrá-lo com o epíteto de Gato Fedorentos mas Intelectual.
Isto porque a partir do dia 27, Ricardo Araújo Pereira vai subir ao palco acompanhado de dois «figurantes», que o vão ajudar a ressuscitar uma série de conferências sobre Filosofia da Linguagem proferidas pelo importante filósofo da linguagem inglês John Austin, há 43 anos. É isso mesmo. Ricardo vai pronunciar uma palestra sobre a natureza das palavras e o modo como se comportam. Quem espera humor nesta «conferência teatral» não deve desiludir-se. Primeiro porque Ricardo sabe ter piada mesmo quando algo não tem piada nenhuma, e segundo porque são as palavras e os jogos de palavras que geram o verdadeiro humor, porque como dizia Austin «falar é não só dizer, mas também fazer».
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