
O novo LHC está a dar que falar. Finalmente, 20 anos passados sobre o inicio da sua construção, a nova máquina colisora está a funcionar.
Muito se tem falado, e sobretudo, especulado sobre este laboratório gigante. A notícia que correu mundo e que motivou a abertura dos boletins noticiosos era que esta máquina iria «simular o Big Bang», e os «milésimos de segundo» que sucederam a Grande Explosão primordial. Imediatamente os jornalistas no seu «leiguismo» indisfarçável, e influenciados pela «partícula divina» da ciência (bosão de Higgs), chamaram teólogos, confrontaram-nos com cientistas e elevaram rapidamente esta experiência ao confronto último entre Deus e a Ciência. Repito, um leiguismo e uma ignorância que infelizmente os jornalistas portugueses não conseguem disfarçar. Inclusive alguns nem pretendem fazê-lo, por considerarem o seu leiguismo natural ao ponto de se regozijarem de não perceberem nada de ciência. Esta ignorância leva-os a fazerem as perguntas erradas e, inevitavelmente, informarem mal a grande maioria da população, cuja cultura científica consegue ser muitas vezes ainda mais reduzida.
Como disse um desses cientistas convidados num desses momentos extraordinários de informação, o LHC não é novidade senão na escala em que está a ser posto em prática. Existem aceleradores de partículas nos EUA há vários anos. A diferença está na energia e na escala superior a que estas colisões serão postas em prática. O LHC é um enorme complexo, cuja estrutura essencial se resume a um tubo circular de 27 km de perímetro, situado a 100 metros de profundidade em solo suíço. O objectivo é fazer com que os protões (partículas elementares opostas aos electrões e que existem em todos os núcleos atómicos) circulem nesse tubo a velocidades cada vez mais rápidas atingindo por fim uma velocidade muitíssimo próxima da velocidade da luz (300 mil km por seg). É introduzido de seguida um feixe de protões em sentido inverso ao primeiro, provocando colisões em 4 pontos diferentes da circunferência. Essas colisões absolutamente brutais, a uma velocidade brutal e uma energia inimaginável, provocam a imediata fragmentação dos protões em (assim se espera) novas e interessantes partículas (quem sabe) desconhecidas.
Ora, a matéria, por uma questão de lógica, não se pode dividir indefinidamente. Tem de haver um ponto em que não é possível dividir mais. Tal partícula terá de ser absolutamente simples, porque não composta. Por isso chamam «partícula de Deus» a esta tal partícula de Higgs, porque Deus sempre foi visto como o ser mais simples, não composto, por isso perfeito.
O tal bosão de Higgs será a mais elementar das partículas? O físico Peter Higgs (que deu o nome à hipotética partícula) acha que sim. A questão é que, no puzzle da teoria das partículas e do Big Bang, falta uma peça que explique como foi possível às primeiras partículas adquirirem massa (peso, embora não seja exactamente o mesmo. A massa é a quantidade de matéria de um corpo, e o peso é a força que a gravidade exerce sobre a massa de um corpo).
Há muitos receios por parte, inclusive, de cientistas. Alguns tiveram o desplante (ou quem sabe a coragem) de apresentar providências cautelares ao TEDH (Tribunal Europeu dos Direitos do Homem) para que esta instância impedisse o LHC de ser posto a funcionar. Não conseguiram, porém, impedi-lo. Falam em buracos negros que podem engolir a terra. Será possível?


Mas claro que são tudo hipóteses polvilhadas com a fértil imaginação humana. O LHC tem muito a ensinar-nos no futuro, se o homem aprender de uma vez por todos o equilíbrio entre ciência e moral.
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